O artista de Bezerros, no Agreste de Pernambuco, J. Borges, está eufórico com a proximidade do Galo da Madrugada. No próximo ano, o maior bloco de rua do mundo terá o cordel e a xilogravura como tema.
"Eu estou muito eufórico com isso, porque o Galo da Madrugada é uma das maiores agremiações do mundo, abrange duas milhões de pessoas andando na rua", disse o artista.
Com problemas de locomoção, J. Borges não pode acompanhar o desfile, mas espera que haja um carro para que ele possa participar do principal evento do Carnaval do Recife. A arte para o bloco já está sendo preparada: oito pessoas, parte da família, auxiliam. Entre elas há filhos, noras e genros de J. Borges.
Para Bacaro Borges, o trabalho leva o nome da cidade e o do Estado para o Brasil: "É um bloco reconhecido nacionalmente e mundialmente, já teve título no Guinness Book e tudo. Eu fico muito feliz, assim como minha família também fica, que a gente também recebe a homenagem".
J. Borges já escreveu um cordel sobre o Galo, entre os mais de 200. As histórias abordam cenas da cultura nordestina, além de causos. Mas a vida artística de um dos principais xilogravuristas do Brasil começou por falta de opção.
O artista conta que precisava de uma ilustração para o cordel que havia escrito e decidiu inovar. "Eu tinha a noção de como era, aí eu planei um pedacinho de madeira e desenhei, fiz uma igrejinha e cortei, fiz um acabamento", relembra.
O trabalho deu certo e o cordel vendeu bem. A partir daí, ele foi realizando mais gravuras. Pintores do Rio de Janeiro descobriram a arte e foram divulgando os trabalhos. O artista também foi "descoberto" por Ariano Suassuna, que também colaborou para a divulgação do nome de J. Borges.