operação ponto final 2

Vereadores de Caruaru teriam pagado por assinaturas para abertura de CPI, diz polícia

Do NE10
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Publicado em 30/01/2014 às 9:52

O delegado da Polícia Civil Erick Lessa concedeu entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira (30), na sede da Delegacia Regional em Caruaru, no Agreste do Estado, em que divulgou detalhes sobre a Operação Ponto Final 2. A ação foi deflagrada na tarde dessa quarta-feira (29) após a 4ª Vara Criminal do município ter expedido mandados de prisão contra os vereadores Evandro Silva (PMDB), Val das Rendeiras e Jadiel Nascimento (ambos do PROS), Neto (PMN) e Val (DEM).

De acordo com o delegado, os vereadores são investigados por suspeita de corrupção ativa, passiva e organização criminosa. Segundo Lessa, Evandro Silva, Neto e Val teriam pagado aos vereadores Val das Rendeiras e Jadiel Nascimento para que eles assinassem o requerimento para abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que iria investigar possíveis irregularidades apontadas em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). O delegado disse ainda que os vereadores pretendiam, posteriormente, barganhar junto ao Executivo o arquivamento da CPI. Segundo a polícia, Jadiel Nascimento teria recebido R$ 30 mil, sendo R$ 15 mil pagos por Val e R$ 15 mil por Neto.

A Operação Ponto Final 2 contou com a participação de 30 policiais civis e todo o processo de investigação, segundo o delegado Erick Lessa, foi iniciado em setembro do ano passado para apurar denúncias de “compra e venda de assinaturas para abertura de CPI”. Lessa ainda afirmou que apesar dos vereadores Neto, Val e Jadiel Nascimento estarem foragidos, os advogados deles já tomaram conhecimento do inquérito policial. Outros detalhes sobre a ação o delegado disse que só poderiam ser esclarecidos após o final da investigação. “Algumas dúvidas podem não ser esclarecidas hoje porque ainda temos 10 dias para concluir o inquérito”, declarou Lessa.

O relatório da CGU aponta superfaturamento na aquisição de itens da merenda escolar, desvio de finalidade no empenho de verbas públicas e licitação dirigida na Prefeitura de Caruaru. O maior prejuízo está nos contratos firmados com o Ministério da Educação (MEC). O documento foi tema de uma série de reportagens publicada ano passado pelo Jornal do Commercio.

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Dois vereadores foram presos na tarde desta quarta-feira (29) após o início da Operação Ponto Final 2. Evandro Silva (PMDB) e Val das Rendeiras (PROS) foram presos e encaminhados à Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru. Policiais permanecem em diligências para prender os outros três legisladores, são eles: Val (DEM), Neto (PMN) e Jadiel Nascimento (PROS), todos já considerados foragidos pela polícia.

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PRISÕES - Todos os cinco vereadores já haviam sido presos e liberados durante investigações da primeira Operação Ponto Final, deflagrada no início da manhã do dia 18 de dezembro do ano passado. Ao todo, eles e outros cinco parlamentares da Capital do Agreste foram presos por suspeita de concussão, corrupção passiva e organização criminosa. Os parlamentares estariam exigindo ao prefeito José Queiroz (PDT) o valor de R$ 2 milhões, para aprovação do projeto do BRT (Bus Rapid Transit), orçado em R$ 250 milhões.