Cultura

Xilogravura de J. Borges será homenageada por escola de samba no Rio

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 12/01/2018 às 15:32

Natural de Bezerros, J. Borges é um dos principais xilogravuristas vivos do Brasil
Foto: reprodução/TV Jornal

Carnavalesco Marcus Ferreira fez visita a J. Borges
Foto: divulgação/Acadêmicos da Rocinha

O xilogravurista J. Borges será o grande homenageado da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, durante o Carnaval 2018 do Rio de Janeiro (RJ). Natural de Bezerros, no Agreste de Pernambuco, o artista é um dos mais renomados na xilogravura no País. J. Borges recebeu em 2005 o título de Patrimônio Vivo do Estado, além de outros prêmios e homenagens.

A escola de São Conrado escolheu o enredo "Madeira Matriz" para o desfile na Sapucaí este ano, uma homenagem aos 110 anos da xilogravura no Brasil. Em julho do ano passado, o carnavalesco Marcus Ferreira esteve em Pernambuco para fazer uma visita a J. Borges.

"Precisamos valorizar nossas mãos, nossa arte, nossa cultura popular e nossos grandes mestres brasileiros", ressaltou Ferreira, na época. Faltando menos de 30 dias para a folia de Momo, a Acadêmicos da Rocinha está com tudo pronto: samba-enredo e fantasias com o tema da xilogravura.

Precisamos valorizar nossas mãos, nossa arte, nossa cultura popular e nossos grandes mestres brasileiros

carnavalesco Marcus Ferreira

O samba-enredo da Acadêmicos da Rocinha retrata a xilogravura e a cultura do Nordeste. "Um olhar (ah, um olhar)/ Acende a luz da inspiração / Vem ilustrar em preto e branco meu agreste/ No taco da umburana, a matriz traçou / A xilogravura de um matuto sonhador/ Nos muros vão retratar/ A lida de sua gente", diz a canção.

História

J. Borges nasceu em 20 de dezembro de 1935, no município de Bezerros. "Comecei a fazer cordel porque quando eu era criança era a única diversão que existia no sítio onde eu nasci e me criei. Meu pai era quem lia o cordel. Não tínhamos rádio, ainda não existia televisão nos anos 40", relata J. Borges. Com o costume, o artista ficou apaixonado pelo cordel e decidiu escrevê-los. A primeira obra, sobre o encontro de dois vaqueiros em Petrolina, recebeu uma gravura do artista Dila, de Caruaru. Os trabalhos seguintes foram acompanhados de gravuras do próprio J. Borges.

A fama do xilogravurista veio após um amigo dele, pintor do Rio de Janeiro, apresentar o trabalho de J. Borges ao escritor Ariano Suassuna. O xilogravurista conta que Suassuna ficou encantado com a arte e um encontro foi marcado entre os dois. O artista foi entrevistado por vários meios de comunicação e foi assim que a fama começou. Atualmente, funciona em Bezerros o Memorial J. Borges, onde o visitante pode conhecer as obras gráficas, plásticas e poéticas do artista.

Veja na reportagem do "Nosso Dia", da TV Jornal Interior: