Audiência será em agosto

Assassinato de advogado em frente à filha completa um ano em Caruaru

André Ambrósio Ribeiro Pessoa, 46 anos, foi morto ao deixar criança na casa da ex-esposa

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 12/07/2019 às 12:09
Reprodução/NE10 Interior
FOTO: Reprodução/NE10 Interior

O assassinato do advogado trabalhista André Ambrósio Ribeiro Pessoa, 46 anos, no loteamento Itamaraty, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco completou um ano nesta sexta-feira (12). Até agora, os acusados de matá-lo não foram julgados. O advogado, que era do Recife, foi morto a tiros em 12 de julho de 2018, quando chegava com a filha, na época com um ano e meio, e a babá na casa da ex-esposa, após um passeio. A criança e a babá presenciaram o crime.

De acordo com as investigações da Polícia Civil, o assassinato teve a participação de cinco pessoas; duas delas presas durante a operação "Patronus", da Polícia Civil, em outubro do ano passado. Os mandantes teriam sido a ex-esposa e o ex-cunhado do advogado, mãe e tio da criança.

De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco, uma audiência de instrução seria realizada no dia 9 de maio deste ano, mas foi adiada pelo juízo da Vara do Tribunal do Júri de Caruaru. A audiência será realizada no dia 20 de agosto de 2019, às 8h.

A juíza Priscila Vasconcelos Areal Cabral informou que a defesa dos acusados requereu, no início da primeira audiência, um prazo maior para a realização de diligências e perícias em favor dos representados. O pedido foi deferido para que a instrução do processo não fosse prejudicada.

Investigações

Segundo a Polícia Civil, a ex-esposa, Isadora Ferreira de Almeida, que está em prisão domiciliar no Recife, teria encomendado o crime porque o advogado a teria perseguido após o fim do relacionamento e ameaçado denunciar um suposto esquema de lavagem de dinheiro no qual ela estaria envolvida. Além disto, ela teria tido um prejuízo financeiro com André Ambrósio, a partir de uma empresa na qual eles tinham sociedade.

Isadora teria contado com o apoio do irmão, ex-cunhado da vítima, José Isaac Ferreira de Almeida. De acordo com a polícia, Isaac também estaria envolvido no esquema criminoso e temia que o ex-cunhado denunciasse o caso. Ele está foragido.

Já Ramon Reis da Silva, também preso, foi apontado pela polícia como o homem que desceu do veículo e efetuou disparos contra o advogado. Segundo o delegado Rodolfo Bacelar, é ele quem aparece nas imagens que flagraram o momento exato do crime. Ele teria sido contratado pelos irmãos. Ainda de acordo com a polícia, Ramon é responsável por parte do tráfico de drogas no estado de Sergipe e praticava homicídios em troca de dinheiro.

André Ambrósio, de 46 anos, foi assassinado em 12 de julho de 2018
André Ambrósio, de 46 anos, foi assassinado em 12 de julho de 2018
Reprodução/NE10 Interior

De acordo com as investigações, na fuga Ramon contou com o apoio de dois homens que estão foragidos: José Jameson de Sales (Jairzinho) e Emerson Henrique de Azevedo. Os envolvidos foram indiciados pela polícia pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, associação criminosa, entre outros.

O suspeito de cometer o crime teria anunciado um assalto e depois atirado na cabeça do advogado. Após o homicídio, o suspeito fugiu sem levar nada. Vídeos de câmeras de segurança flagraram o crime e a fuga dele, em um carro em que outros homens estavam. O carro utilizado no crime foi encontrado carbonizado na mesma semana.

Defesa alega inocência de ex-esposa

A defesa de Isadora Ferreira de Almeida alega que a acusada é inocente e não tem qualquer participação "no crime pelo qual foi injustamente acusada". De acordo com nota enviada pelos advogados, "trata-se de mãe zelosa, como confirmaram todas as testemunhas, e jamais colocaria em risco a vida de sua filha de apenas dois anos". A defesa diz ainda que não houve brigas entre o casal e aponta a possibilidade de a motivação ter relação com conflitos entre André e posseiros instalados na propriedade dele em Aldeia, na Região Metropolitana do Recife.

Confira a nota na íntegra:

"Isadora Ferreira de Almeida é inocente e não tem qualquer participação no crime pelo qual foi injustamente acusada. Trata-se de mãe zelosa, como confirmaram todas as testemunhas, e jamais colocaria em risco a vida de sua filha de apenas dois anos. Depois do depoimento de diversas testemunhas, também ficou claro que não houve qualquer briga entre Isadora e André. Além disso, Isadora jamais teve contato com os supostos executores do crime. A acusação se baseia em meras e injustas presunções, além de ter ignorado a existência de graves conflitos entre André e posseiros instalados em sua propriedade em Aldeia, o qual chegou a ser ameaçado de morte. É imprescindível que todos esses elementos sejam cuidadosa e profundamente analisados no processo para que se descubra o crime em toda a sua dinâmica e extensão. Por fim, a Defesa esclarece que Isadora está em prisão domiciliar e que atualmente o processo se encontra em fase de oitiva de testemunhas.

Alberto Zacharias Toron, Renato Marques Martins e Michel Kusminsky Herscu, advogados"