Abalos sísmicos

Após mais de 10 tremores de terra em menos de 24h em Caruaru, professor aponta reativação da falha sismológica

Tremor mais forte até o momento teve magnitude de 2.5 e foi sentido pela população

Marilia Pessoa Marilia Pessoa
Marilia Pessoa
Marilia Pessoa
Publicado em 09/09/2020 às 12:23
Divulgação/LabSis UFRN
FOTO: Divulgação/LabSis UFRN

Vários tremores de terra foram registrados em Caruaru, no Agreste pernambucano. De acordo com informações divulgadas pelo Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN), foram registrados 10 tremores de terra em menos de 24h em Caruaru. O primeiro deles ocorreu na noite dessa terça-feira (8), por volta das 23h18 e teve magnitude de 2.0 na escala Richter.

Ocorreram 11 tremores de terra ao todo até o momento, registrados por diversas estações da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) operadas pela UFRN. O último abalo foi por volta das 10h36 desta quarta-feira (9) e teve magnitude preliminar 2.5. O tremor foi sentido pela população de muitas partes da cidade.

Segundo o professor titular do departamento de geofísica da UFRN e coordenador do LabSis, Adelson Nascimento, está acontecendo uma reativação da falha sismológica em Pernambuco. "Nós temos notícias de que vários eventos estão sendo sentidos e certamente trata-se de uma reativação do lineamento Pernambuco. É uma grande estrutura geológica que corta o estado basicamente de leste a oeste e que está sendo reativado", explica o professor.

Ainda de acordo com o ele, é necessário o monitoramento porque não há como prever como esses eventos evoluam: "Nessa região há zonas que são mais fracas, que não suportam as pressões tectônicas. Não é possivel prever a evolução desses eventos, então o monitoramento é fundamental".

Por que ocorrem tremores de terra em Pernambuco?

De acordo com o geofísico Eduardo Menezes, o laboratório estuda há mais de 20 anos a região e identificou áreas com falhas ativas como Caruaru, São Caetano, Belo Jardim, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. Segundo ele, os tremores no estado ocorrem por causa dessas falhas geológicas da Placa Sul-Americana: "Na realidade estamos no meio de Placa Sul-Americana. No meio dela, nós temos áreas em que ocorrem os chamados 'tremores intraplaca'. Nós temos várias áreas que possuem falhas geológicas, que entram em atividade em função dos esforços que atuam no interior da Terra que geram essas vibrações".

O perigo fica maior quando os tremores registram valores acima de 5 na escala Richter. Eduardo diz que pode haver estragos às estruturas. Infelizmente, ainda não se pode prever a ocorrência dos abalos.