Alimentação

Quanto maior a renda do brasileiro, menor é o consumo de arroz e feijão; diz estudo

Estudo observou os hábitos alimentares dos brasileiros e a relação com a economia

NE10 Interior
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Publicado em 26/10/2020 às 12:17
Antônio Cruz/ABr
FOTO: Antônio Cruz/ABr

Um estudo revelou que, enquanto para as famílias mais ricas o gasto com alimentação representa apenas 5% da renda total, entre as famílias mais pobres a alimentação representa 26%. Esse estudo, que observou a alimentação dos brasileiros e a relação com a economia, foi feito pelo professor Walter Belik, em parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), com o apoio do Instituto Ibirapitanga e do Instituto Clima e Sociedade.

O estudo apontou que quando aumenta a renda, o consumo de feijão e arroz diminui e a compra de carne aumenta. Esse estudo ainda revelou que no Brasil apenas dez produtos concentram mais de 45% do consumo alimentar e que os pratos não são diversos como poderiam ser.

Nas famílias que ganham até dois salários mínimos, o gasto médio por mês com alimentação por pessoa é de R$ 120,86. Nas famílias acima de 25 salários mínimos, para cada pessoa são gastos R$ 671,45 por mês.

Ainda de acordo com o estudo, as famílias com renda mais alta gastam em média 627% a mais em alimentos do que as famílias mais pobres e têm renda 32,5 vezes maior.

No Brasil, ao todo, o gasto com alimentação em 2017 e 2018 foi de R$ 45,4 bilhões ao mês. Mais da metade do valor foi gasto com famílias com renda de até seis salários mínimos.

O estudo também revelou que o aumento na renda pode reduzir o consumo de alimentos como farinha de mandioca, açúcar cristal, peixes frescos, óleo de soja e até mesmo do arroz e do feijão.

O consumo de produtos ultraprocessados cresceu 46%. O consumo de alimentos in natura teve queda de 7%.

Insegurança alimentar

Além disso, estudo revela que insegurança alimentar grave entre as regiões do Brasil é grande. A prevalência de insegurança alimentar é menor em domicílios onde residem pessoas com mais de 65 anos. Isso demonstra a importância da aposentadoria urbana e rural, assim como do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para o orçamento familiar.

A prevalência de insegurança alimentar, de acordo com o estudo, é maior em domicílios que possuem crianças e jovens. A insegurança alimentar atinge metade das crianças entre 0 e 4 anos e mais da metade (51%) das crianças e adolescentes brasileiras. No Sul do país 2,2% das famílias apresentam insegurança alimentar grave, enquanto no Nordeste o percentual é de 7,1%.

*Com informações do JC