5 curiosidades sobre o Carnaval brasileiro
Ao longo dos séculos, a celebração passou por diversas mudanças

O Carnaval não é só um evento de cores e alegria, mas uma manifestação cultural cheia de detalhes curiosos. Ao longo dos anos, a festa passou por mudanças e acontecimentos marcantes que a influenciaram até se tornar o espetáculo grandioso de hoje que se vê em diversos estados brasileiros.
“O Carnaval no Brasil é sinônimo de festa, mas existem tradições e origens que muitos não conhecem, como o fato das rodas de samba serem, no início, ‘clandestinas’, e a origem das hoje tradicionais escolas de samba”, comenta o professor de História Pedro Rennó, da plataforma Professor Ferretto.
Abaixo, Pedro Rennó lista 5 curiosidades inusitadas sobre o Carnaval. Confira!
1. O primeiro Rei Momo do Brasil era magro
Figura icônica do Carnaval, o Rei Momo é sempre retratado como um homem gordo e sorridente, mas nem sempre foi assim. O primeiro a ocupar o posto no Brasil foi o cantor e compositor Silvio Caldas, em 1933, que tinha uma aparência esguia. A tradição de escolher alguém mais corpulento veio depois, associada à ideia de fartura e alegria. “A imagem do Rei Momo como um homem gordo e brincalhão só se consolidou anos depois. No início, a figura era mais simbólica do que padronizada”, explica Pedro Rennó.
2. O governo tentou mudar o Carnaval para junho
Em 1892, o governo brasileiro tentou transferir o Carnaval para junho, alegando que o clima mais ameno do inverno tornaria a festa mais agradável. A ideia não foi bem recebida pela população, e a tradição de comemorar o evento antes da Quaresma permaneceu. Curiosamente, naquele ano, houve duas celebrações: uma no período tradicional e outra na data sugerida pelo governo.
“O Carnaval está historicamente ligado ao calendário cristão, e a tentativa de mudança para junho mostrou o peso da cultura popular sobre decisões políticas”, analisa o professor.

3. Samba já foi considerado marginalizado
Hoje, o samba é um dos símbolos do Brasil e do Carnaval, mas nem sempre foi assim. No início do século XX, esse ritmo era associado às camadas populares e chegou a ser perseguido pela polícia. Roda de samba era caso de repressão, e instrumentos como o pandeiro e o tambor eram vistos como ameaças à ordem pública. “O samba saiu da marginalização para se tornar um patrimônio nacional. Esse processo mostra como a cultura popular pode resistir e se impor ao longo do tempo”, afirma Pedro Rennó.
4. A primeira escola de samba do Brasil teve um nome inusitado
A primeira escola de samba registrada no Brasil foi a “Deixa Falar”, criada em 1928 por sambistas do bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. O termo “escola de samba” surgiu porque os integrantes se reuniam perto de uma escola normal e brincavam que estavam fundando uma “escola” de samba. “A criação da ‘Deixa Falar’ foi um marco, pois ajudou a organizar e dar identidade às agremiações carnavalescas, que antes eram apenas blocos de rua”, comenta o especialista.
5. Já houve um Carnaval sem música ao vivo no Rio de Janeiro
Em 1912, o Carnaval carioca foi marcado pelo silêncio. O motivo? O falecimento do Barão do Rio Branco dias antes da folia. O governo decretou luto e proibiu bandas de tocarem nas ruas. Mas os foliões deram um jeito: saíram com instrumentos de percussão e improvisaram batucadas, provando que o espírito carnavalesco não se cala.
“Essa história mostra que o Carnaval, mais do que uma festa, é uma manifestação espontânea do povo, que encontra maneiras criativas de celebrar mesmo diante de adversidades”, finaliza Pedro Rennó.
Por Yasmin Paneto