Carnaval

Bezerros: criatividade e mistura de ritmos marcam Folia dos Papangus

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 03/03/2019 às 14:13

Mestres Cucas do Angu na folia de Bezerros
Foto: Ana Maria Miranda/NE10 Interior

Terceiro maior Carnaval de Pernambuco, a Folia dos Papangus, em Bezerros, no Agreste, é rica em cultura popular. Criatividade é palavra de ordem e não importa se são simples ou elaboradas, as fantasias fazem sucesso na festa. Já entre as apresentações culturais, muito frevo, maracatu, axé, entre outras manifestações.

O Papangu é o personagem tradicional da festa na cidade. Reza a lenda que um grupo de homens decidiu brincar o Carnaval fantasiadas com roupas de tecido e máscaras. Eles iam de casa em casa alterando a voz, para que não fossem identificados, e pedindo angu, uma espécie de mingau de milho. Foi daí que surgiu o nome.

Fantasiado de Papa João Paulo II, Geraldo Meira chamou a atenção na multidão
Foto: Ana Maria Miranda/NE10 Interior

E foi em alusão a esta história que um grupo de quatro amigos de Bezerros resolveu sair às ruas neste domingo (3) fantasiado de Mestre Cucas do Angu. Eles não se identificam para não estragar a brincadeira, mas dizem que sair combinando já virou tradição; são 20 anos desfilando.

Outro grupo, formado por 10 pessoas, entre pais, filhos, cunhados e outros membros da família, sai há vários anos trajando roupa de papangus. Estamos fora de casa desde 6h, daqui a pouco fazemos uma parada para comer, tomar uma cervejinha e continuar na festa, disse um dos integrantes do grupo.

Para escolher o tema da fantasia, não tem regra. Um trio de amigos saiu vestido de Berlim, Tóquio e Nairóbi, personagens da série La Casa de Papel, que conta a história de um assalto com reféns na Casa da Moeda da Espanha. Todo mundo está gostando, dessa vez a gente não veio roubar banco, e sim a alegria do povo, brincou a foliã vestida de Nairóbi.

Trio de amigos decidiu ir vestido de terroristas
Foto: Ana Maria Miranda/NE10 Interior

Outros três amigos, estes de Camocim de São Félix, escolheram a fantasia de terroristas. O operador de telemarketing Alessandro Souza, o professor César Menezes e o auxiliar administrativo Luciano Júnior, atraíram a atenção de outros foliões, que os pararam para tirar fotos. É perto da nossa cidade e é o mais animado, opinou Alessandro sobre a folia em Bezerros.

E enquanto uns saem de criminosos, outros se vestem de religiosos para abençoar a festa. O motociclista Geraldo Meira, 70 anos, decidiu ir vestido de Papa João Paulo II, depois que um amigo observou a semelhança entre os dois. Aqui é minha casa, eu adoro Bezerros, afirmou o recifense.

Também teve majestade na Folia dos Papangus. Um quarteto de amigos de Bezerros, Caruaru, Vitória de Santo Antão e Recife sai há seis anos combinando. Em 2019, saíram de reis. Quando acaba o Carnaval a gente já vai pensando na próxima, e em novembro já começa a fazer, revelou o assistente administrativo Jean Ferreira, 28.

O motorista Luiz Tavares, 76, saiu do Recife para curtir o Carnaval do interior e trouxe a companheira, que não é bem uma mulher, mas parece muito. A boneca, batizada de Matuta Raimunda, dançava e rebolava junto com os passos dele, e divertiu os foliões. Estou achando ótimo aqui, o pessoal está aderindo à ideia. As pessoas são muito acolhedoras, tudo aqui e prestigiado, avaliou.

Oito dias de folia

O domingo de Carnaval é o principal dia da programação de Bezerros e atrai milhares de turistas para ver o desfile dos Papangus nas ladeiras da cidade. De acordo com o vice-prefeito Breno Borba, são esperadas mais de 200 mil pessoas nos oito dias da festa, que começou na última quarta-feira e termina na Quarta-Feira de Cinzas. Está tudo saindo dentro do que foi planejado, a cidade está cheia e com segurança. Além de cultura, de tradição, o nosso Carnaval é família, é segurança, destacou.