Em situação normal, a cidade de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, estaria respirando festa e animação a partir deste fim de semana. Entretanto, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19), a principal festa da cidade, o São João, não será realizada este ano.
Agora, a cidade não tem a decoração característica de bandeirinhas e balões, e no Pátio de Eventos Luiz Gonzaga só está a estátua de Seu Luiz, usando máscara para conscientizar sobre a pandemia. Este ano, o palco não foi montado, nem a cidade cenográfica da Estação Ferroviária.
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"O sentimento é de muita tristeza, eu diria que é quase o sentimento de um luto, de perder uma pessoa querida. Hoje, por exemplo, seria o dia de estar montando o retoque final do São João, aqui [no pátio] estaria um formigueiro para que a gente pudesse abrir, à noite, com toda a força", conta, emocionado, o presidente da Fundação de Cultura de Caruaru, Rubens Júnior.
O cantor Erisson Deyvisson, cuja banda se apresentou mais de 30 vezes em junho do ano passado, lamenta a não realização da festa este ano. "É um momento muito difícil para nós que já estávamos na expectativa de que amanhã seria São João, coisas muito boas para acontecer".
Também haverá grandes prejuízos para o Alto do Moura, considerado o Maior Centro de Artes Figurativas das Américas, que costuma receber milhares de forrozeiros durante o período. As lojas de artesanato e a Casa Museu Mestre Vitalino estão fechadas, assim como restaurantes e pousadas.
Dono de um restaurante, Monteiro Oliveira lamenta tudo o que está acontecendo: "Nessa quarentena ficou difícil para todos nós. Eu esperava que fosse um tempo menor, mas foi muito maior, e o meu prejuízo é muito grande".
Números
No São João de 2019, foram realizadas 815 apresentações artísticas em 24 polos de animação. Cerca de 3,2 milhões de pessoas passaram pela cidade durante o período. Uma pesquisa encomendada pela prefeitura revelou que os turistas deram nota 9,1 para a festa do ano passado.
Além da importância cultural, o São João é um dos eventos que mais movimenta a economia local. Mais de R$ 200 milhões circulam na economia durante o período. O setor de serviços costuma ser um dos maiores beneficiados da festa, que movimenta hotéis, bares e restaurantes, postos de gasolina, entre outros.
Alternativas
Para tentar minimizar os prejuízos pela não realização do evento, a prefeitura estuda formas para ajudar as famílias, tanto dos artistas populares como dos vendedores de fogos, de comidas típicas, entre outros. Como uma resolução do Tribunal de Contas do Estado proíbe a gestão de contratar artistas durante a pandemia, a prefeitura busca parcerias com empresas para realizar ações solidárias que não deixem a data passar em branco.
