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Medidas do governo prejudicaram vestibulandos, segundo universitários

Felipe Cabral
Felipe Cabral
Publicado em 05/11/2016 às 18:00
Foto: Gléber Nova / Especial para o NE10
Foto: Gléber Nova / Especial para o NE10

Por Luana Nova

Em Pernambuco, mais de 16 mil dos 447.319 inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não fizeram as provas neste sábado (5), em função das ocupações estudantis que ocorrem em 21 prédios de instituições de ensino. Somente na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Zona Oeste do Recife, cinco locais de prova estão ocupados. Os estudantes universitários em protesto acreditam que são as medidas do governo que estão impedindo alguns vestibulandos de exercerem seus direitos neste fim de semana.

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Há 12 dias começaram as ocupações na UFPE e há oito no Centro de Artes e Comunicação (CAC) da universidade. Os estudantes, que protestam contra a PEC-55, antiga PEC-241 que limita o aumento dos gastos à variação da inflação e contra a MP-746, proposta de Reforma do Ensino Médio, costumam realizar duas assembleias por dia para alinhar e definir as diretrizes do movimento. Inclusive, o Enem foi pauta de uma assembleia que durou três dias, de acordo com uma estudante de arquitetura que não quis se identificar.

“Decidimos ficar por aqui e continuar na resistência porque não adianta as pessoas passarem no vestibular achando que a vida vai melhorar, e chegarem numa universidade extremamente precarizada. Não temos papel higiênico, água, bebedouro... Até o auxílio-creche foi cortado”, contou a estudante, ao revelar que algumas de suas amigas estão recebendo processo por participar de movimento estudantil. “Estamos correndo esse risco estando aqui agora”, acrescentou.

Para a aluna, o que está acontecendo na política do País vai atrapalhar muito mais a vida dos estudantes do que não fazer Enem neste final de semana. “Sete mil bolsas de assistência social foram cortadas. Com o teto dos gastos congelado por vinte anos, imaginas quantas bolsas?”, indagou a representante do movimento. “A mídia faz parecer que a gente está impedindo as pessoas do direito de realizar a prova, e antes o de votar. São essas medidas do governo que impossibilitam as pessoas de exercerem seus direitos, não a gente”, declarou.

Para o estudante de Design da UFPE que não quis se identificar, a grande questão não é entrar na faculdade, mas permanecer. “Já teve caso de prefeito não pagar transporte intermunicipal. O pessoal que vem do interior acaba tendo que arrumar outro meio e gastando mais dinheiro sem ter condições financeiras. Isso impossibilita a estadia do estudante carente aqui”, disse. A meta dos manifestantes é de só deixar as instituições quando houver a certeza de que a PEC não será aprovada em votação no Senado.

Caso a proposta do teto dos gastos seja aprovada, os universitários em protesto afirmam que irão repensar o movimento. “Esse é o primeiro passo de mobilização. Estamos fortalecendo uma luta que é nacional. Não vamos desistir fácil”, disse a estudante de arquitetura. Os 16.635 vestibulandos que foram impedidos de realizar a prova neste final de semana no Estado, irão prestar o exame nos dias 3 e 4 de dezembro, conforme levantamento realizado pelo Ministério da Educação (MEC).