MÚSICA

Artista de Caruaru perpetua banda de pífanos na cidade

Pablo Esteves
Pablo Esteves
Publicado em 16/09/2010 às 8:02

Mãos ágeis que dão forma e sonoridade a um instrumento que representa a cultura musical de Caruaru. João Alfredo Marques dos Santos, ou melhor, João do Pife, como é conhecido, é responsável pela propagação do pífano na cidade. Aos 65 anos, seu João é um exemplo de que a cultura popular de Caruaru continua atravessando fronteiras. Ele já se apresentou em mais de 20 países.

A técnica para fabricar instrumentos musicais aprendeu aos 14 anos. Com a morte do pai, ele deu continuidade a Banda Dois Irmãos (Fundada em 1928). Após décadas de trabalho, João do Pife se orgulha de ter conseguido gravar o primeiro disco, há cinco anos.

O CD “Ladainhas” traz músicas que vão do forró ao choro. Canções como “Caruaru do Passado”, famosa na voz do cantor Azulão, ganharam uma sonoridade regionalista forte. Já a música “Estou Pifando” traz a modernidade através da mistura do pífano com o beatbox do rapper caruaruense Mago.

A produção do pífano, totalmente artesanal, requer uma prática invejável. Seu João produz o instrumento utilizando madeira de taquara (original), ou em versões em bambu, metal e até em cano pvc. A fábrica fica no quintal de casa, no bairro do Salgado.

“Só tiro as barras de ferro quando estão incandescentes. Aí faço os sete furos no cano. Mas tem que ter cuidado porque é muito quente”, diz o artista. Depois de perfurado, seu João faz os últimos detalhes no instrumento que já fica afinado para ser tocado.

A Banda de Pífanos Dois irmãos é composta hoje pelos quatro filhos do artista: Paulo João dos Santos (caixa), Alexandre João dos Santos (pratos), Leandro João dos Santos (tarol) e Cícero João dos Santos (Zabumba). “Meu pai sempre dizia que mesmo depois dele morrer, eu deveria continuar mantendo a banda”, ressaltou João do Pife.

Não bastasse produzir, comercializar e tocar pífano, seu João também dá aulas de como tocar o instrumento. A escolinha funciona a 10 anos, na casa dele, e já formou quatro bandas de pífanos na cidade.