Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço

Por Dilson Oliveira
Por Dilson Oliveira
Publicado em 15/10/2010 às 12:00

Nos últimos dias tenho acompanhado a grita geral da população quanto aos serviços prestados pela Compesa, a Companhia Pernambucana de Saneamento, órgão do Governo do Estado, aqui em Caruaru, Agreste de Pernambuco.

E olha que desta vez as reclamações não se resumem apenas a falta de água não. São diversas ações do órgão que irritam a população pela sua morosidade e pelos transtornos causados a todos.

A falta d’água parece mesmo não ter fim, mesmo com tantas campanhas publicitárias enaltecendo o fim do racionamento na cidade, o que mais se vê são as reclamações de moradores dos mais diversos bairros do município.

A população sofre com a falta do líquido, e o pior é que a Compesa nunca está errada, pois tem sempre uma desculpa para tudo, como se isso justificasse o descaso do atendimento à população.

Uma hora é um estouro na adutora da Barragem de Jucazinho, outra hora na adutora da Barragem do Prata, quando isso não é provocado por vândalos a fim de roubar água. E aí a culpa passa a ser do próprio povo.

Sem falar nas desculpas por conta das obras da duplicação da BR 104, e outras mais esfarrapadas dadas pelo órgão. Nunca a culpa é sua, nunca se admite sua inoperância e irresponsabilidade, nem tão pouco a falta de compromisso com o bem estar da população.

Agora, acontece uma grita geral sobre outro problema: a buraqueira da cidade que também é culpa da Compesa, nunca da irresponsabilidade, morosidade e falta de compromisso da Prefeitura de Caruaru.

Ruas esburacadas, obras inacabadas, acessos interditados, o povo impedido de entrar e sair de casa com seus veículos por conta da irresponsabilidade, sabe Deus de quem. Isso é o que mais estamos vendo nas ruas da cidade.

Vou apenas citar um exemplo do descaso, dentre tantos. Na Rua José Francisco de Almeida, no bairro Indianópolis, a Compesa realizou obras de troca da sua tubulação. Até aí tudo bem. Porém deixou por lá a rua completamente esburacada e sem calçamento.

O pior viria depois. A empreiteira Encosa, contratada pela empresa, foi ao local, iniciou a recuperação do calçamento, chegou a colocar as pedras do paralelepípedo no local, o abandonando o serviço em seguida sob o argumento que “faltou” cimento.

Depois de denunciar o fato em meu programa O Povo na TV, da TV  Jornal Caruaru, a empresa voltou ao local com 5 sacos de cimento, pasmem, e ficou por isso mesmo: serviço inacabado.

Hoje, a rua está interditada, impedindo o tráfego de veículos no local, e consequentemente provocando prejuízos financeiros aos comerciantes do local, além de transtornos a população.

Tudo isso e muito mais acontece aos olhos da Compesa, como se nada de anormal estivesse ocorrendo. É vergonhoso, é revoltante, e fica para a população o sentimento que aqui é terra sem dono, nem lei.

Por outro lado, o descaso da Compesa, é marca registrada num outro problema bem seu, e visto rotineiramente pela população que tem dois motivos para reclamar.

Se de um lado a falta d’água irrita muitos moradores, em outros pontos da cidade o que se vê são ruas molhadas e o aguaceiro descendo ladeira abaixo, por conta de canos estourados que passam dias e mais dias desperdiçando água e provocando danos ao calçamento das vias.

A população aciona a danada da Compesa, que não tá nem aí para o problema. O povo que se dane futebol clube. Exemplos claros disso  são as ruas Camilo Castelo Branco e Capitão Zezé, ambas no bairro Petrópolis, onde existem até hoje dois anos desperdiçando água, há mais de quatro meses.

A Compesa já foi acionada várias vezes e até agora não apareceu ninguém, fazendo jus ao velho adágio popular do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Pede a população para economizar e não desperdiçar água, mas na hora de cumprir com seu papel, simplesmente não cumpre.

Seria bom que a Compesa honrasse seus compromissos, e respeitasse seus clientes, com a mesma rapidez e agilidade que tem para mandá-los para a lista negra do SPC/Serasa por conta da falta de pagamento, ou na hora de efetuar o corte no fornecimento do líquido.        

Fatos como esse nos leva a ter a certeza de que o velho chavão tão falado na última campanha eleitoral municipal de que através da parceria município/estado, “Caruaru estaria mais forte do que nunca”, como quando falamos em Compesa, devemos entender Governo do Estado; temos que acreditar que estamos “mais fracos e desrespeitados do que nunca”, porque a Compesa não cumpre com o seu papel, e a prefeitura também se esconde e se omite, empurrando o problema para sua parceira. 
 
Que criem vergonha os dois e respeitem o povo e seus clientes!