Laudo de vistoria realizada pela Associação Pernambucana de Engenheiros Florestais (Apeef) em Palmares, município da Zona da Mata Sul do Estado mais atingido pela enchente de junho deste ano, recomenda a demolição de todas as construções existentes nas margens do Rio Una, num raio de 50 metros.
“O histórico de enchentes dos últimos anos mostra que esses imóveis estão localizados em área imprópria para a ocupação por moradias e comércio”, justifica o presidente da Apeef, Marcílio Viana Luna Filho, que coordenou o grupo técnico responsável pela elaboração do laudo.
No lugar, devem ser implantados bosques, com forte presença arbórea. “Além de evitar a impermeabilização do solo, essa alternativa disponibiliza uma área de lazer diferenciada”, opina o engenheiro florestal.
“Em virtude da dificuldade de reconduzir a área à sua formatação original de mata ciliar, por motivos como a antropização do lugar e a histórica ocupação, a disposição de equipamento público no local promoverá, além da exclusão da população da margem do rio – área com maior grau de risco de inundação –, a relocação dos populares em locais não susceptíveis às cheias, minimizando risco de mortes por calamidades públicas como as enchentes”, diz o laudo.
A vistoria, segundo a Apeef, foi solicitada pela prefeitura de Palmares ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE). O documento, de 15 páginas e assinado ainda pelos engenheiros Everson Batista de Oliveira, Fernando Henrique de Lima Gadelha e Uilian Barbosa, será entregue quinta-feira ao presidente do Crea-PE, José Mário de Araújo Cavalcanti.
O relatório técnico identifica, ainda, nas margens do Rio Una árvores prestes a cair. “Quando inclinadas, mesmo que ligeiramente, e com raízes expostas devem ser erradicados porque oferecem riscos”, diz o presidente da Apeef. Há seis sombreiros e castanholas nessa situação.
Na opinião de Marcílio Viana, a probabilidade de ocorrência de chuvas eleva o grau de risco de tombamento de árvores de grande porte. “ A infiltração no solo compromete a sustentação de indivíduos em situação de risco”, esclarece.
O engenheiro lembra que a inclinação de árvores pode ainda ser um sinal de movimentação na encosta. “Nesse casos, devem ser erradicados imediatamente, a fim de reduzir as trações sobre a massa de solo.”
BANANEIRAS
O laudo orienta o poder público a erradicar as bananeiras das áreas de risco, como encostas e margens. “A presença delas contribui de forma significativa para a ocorrência de deslizamentos, pois suas raízes acumulam água e, por serem muito curtas, não contribuem para a sustentação do solo.”
A enchente ocorreu nos dias 17, 18 e 19 de junho. Atingiu 67 cidades pernambucanas. Morreram 21 pessoas, 26.970 ficaram desabrigadas e 55.650, desalojadas. O número estimado de casas destruídas é de 14.136 e de pontes danificadas, 142.