MARGENS DO RIO

Palmares deve demolir construções

do Jornal do Commercio
do Jornal do Commercio
Publicado em 16/10/2010 às 17:30

 

Laudo de vistoria realizada pela Associação Pernambucana de Engenheiros Florestais (Apeef) em Palmares, município da Zona da Mata Sul do Estado mais atingido pela enchente de junho deste ano, recomenda a demolição de todas as construções existentes nas margens do Rio Una, num raio de 50 metros.

O histórico de enchentes dos últimos anos mostra que esses imóveis estão localizados em área imprópria para a ocupação por moradias e comércio”, justifica o presidente da Apeef, Marcílio Viana Luna Filho, que coordenou o grupo técnico responsável pela elaboração do laudo.

No lugar, devem ser implantados bosques, com forte presença arbórea. “Além de evitar a impermeabilização do solo, essa alternativa disponibiliza uma área de lazer diferenciada”, opina o engenheiro florestal.

Em virtude da dificuldade de reconduzir a área à sua formatação original de mata ciliar, por motivos como a antropização do lugar e a histórica ocupação, a disposição de equipamento público no local promoverá, além da exclusão da população da margem do rio – área com maior grau de risco de inundação –, a relocação dos populares em locais não susceptíveis às cheias, minimizando risco de mortes por calamidades públicas como as enchentes”, diz o laudo.

A vistoria, segundo a Apeef, foi solicitada pela prefeitura de Palmares ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE). O documento, de 15 páginas e assinado ainda pelos engenheiros Everson Batista de Oliveira, Fernando Henrique de Lima Gadelha e Uilian Barbosa, será entregue quinta-feira ao presidente do Crea-PE, José Mário de Araújo Cavalcanti.

O relatório técnico identifica, ainda, nas margens do Rio Una árvores prestes a cair. “Quando inclinadas, mesmo que ligeiramente, e com raízes expostas devem ser erradicados porque oferecem riscos”, diz o presidente da Apeef. Há seis sombreiros e castanholas nessa situação.

Na opinião de Marcílio Viana, a probabilidade de ocorrência de chuvas eleva o grau de risco de tombamento de árvores de grande porte. “ A infiltração no solo compromete a sustentação de indivíduos em situação de risco”, esclarece.

O engenheiro lembra que a inclinação de árvores pode ainda ser um sinal de movimentação na encosta. “Nesse casos, devem ser erradicados imediatamente, a fim de reduzir as trações sobre a massa de solo.”

BANANEIRAS

O laudo orienta o poder público a erradicar as bananeiras das áreas de risco, como encostas e margens. “A presença delas contribui de forma significativa para a ocorrência de deslizamentos, pois suas raízes acumulam água e, por serem muito curtas, não contribuem para a sustentação do solo.”

A enchente ocorreu nos dias 17, 18 e 19 de junho. Atingiu 67 cidades pernambucanas. Morreram 21 pessoas, 26.970 ficaram desabrigadas e 55.650, desalojadas. O número estimado de casas destruídas é de 14.136 e de pontes danificadas, 142.