Se a memória da imprensa falhasse, será que eles lembrariam?

Por Dilson Oliveira
Por Dilson Oliveira
Publicado em 09/12/2010 às 16:33

O ano de 2010 chega ao seu fim com um bom exemplo dos políticos locais. Depois de um ano, eles anunciaram o que farão com o dinheiro economizado pela Câmara Municipal, durante o ano passado, com o fim da verba indenizatória na casa.

O fim do benefício não agradou a todos, mas com a imagem da Casa Jornalista José Carlos Florêncio no fim do poço, por conta dos escândalos em que alguns dos seus membros se envolveram, os vereadores foram obrigados a engolir a medida da presidência da casa, que por sinal pagou caro por isto.

Em retaliação ao fim das regalias com o dinheiro público, os próprios vereadores aprovaram um projeto que proíbe a reeleição da mesa diretora. Foi o preço que o presidente Rogério Menezes (PT) pagou por sua decisão.

E como fruto a economia de R$ 1 mi, devolvido aos cofres do município, ficava a pergunta: o que será feito com todo esse dinheiro ? Houve até vereador que pensasse: ora divide entre nós ! Mas isso não era possível.

A alternativa veio de ideias como adquirir um terreno, e construir o prédio próprio da casa, e o restante se constrói algo que beneficie a população. Santa ideia, aprovada por todos.

Esta semana, o prefeito de Caruaru, Agreste pernambucano, José Queiroz, depois de ver matérias na TV, lembrando onde estaria o dinheiro e o que seria feito com ele, apressou-se em reunir os vereadores para dar uma destinação final da dinheirama.

E agora, além da compra de um terreno, onde serão investidos R$ 300 mil, vem a notícia de que cerca de quinze ruas serão calçadas com os R$ 700 mil, restante do dinheiro.

Salve, salve tanta boa intenção. Eles estão de parabéns pela santa boa iniciativa, mas esqueceram de explicar alguns pontos interessantes de toda essa polêmica.

Esqueceram de explicar o quanto “rendeu” de juros ou aplicações esse montante, uma vez que o dinheiro foi devolvido em dezembro de 2009, e somente agora em dezembro de 2010, um ano depois; é que ainda estão resolvendo o que será feito com ele.

Esqueceram de explicar também quais serão os critérios para definição de quais ruas serão beneficiadas, uma vez que inúmeros bairros e loteamentos gostariam de estar incluídos nesse processo,  com tais obras.

E esqueceram de explicar porque somente agora, um ano após, e depois que a notícia voltou a ser destaque na imprensa local, é que se apressaram em dar um destino a toda a verba.

Ouvi o prefeito em entrevista afirmar que a definição será através de ruas que já estavam com as obras de calçamento licitadas. Ué, e não só se faz licitação quando existe recursos garantidos, ou será mera coincidência?

Fico aqui me perguntando: será que essa dinheirama toda teria a destinação de beneficiar o povo, se a memória da imprensa tivesse falhado? Se ninguém tivesse se lembrado dele? Eu duvido muito...

É um caso bem parecido daquele ex-presidente da casa, que foi flagrado fazendo turismo com o dinheiro público na Argentina, se vangloriando dos benefícios que gozava, e depois que virou notícia nacional, ao chegar em Caruaru, afirmou que “já iria devolver o dinheiro, porque o congresso ao qual teria ido participar, não aconteceu”. Eu duvido muito...

Resta-nos agora, ficarmos atentos a aplicação correta destes recursos. Sem superfaturamento, sem maracutaias, e acima de tudo com clareza, a máxima clareza; e rapidez possível, para que às vésperas das próximas eleições municipais, não estejamos ainda inaugurando calçamento, com o pretexto e o discurso de que “essa obra foi executada com a economia dos vereadores de Caruaru”, pois eles não fizeram favor algum. Apenas agiram com consciência e honestidade. E ser honesto não é favor, é obrigação.

E para finalizar um outro destaque: ano passado conseguiram economizar R$ 1 mi, este ano a economia e devolução aos cofres do município, foi de apenas R$ 100 mil. Muito pouco para quem gasta R$ 8 mil mensais, com despesas de telefone e internet.

Este valor absurdo nos dá a certeza de que se quiserem apertar mais um pouco, ainda podem economizar muito, e consequentemente beneficiar a população com mais obras. É só querer!