DIA DA MULHER

Caruaru: Arte com toque feminino no Alto do Moura

Do JC Agreste
Do JC Agreste
Publicado em 08/03/2012 às 8:54

Já se foi o tempo em que os artesãos do Alto do Moura, bairro distante 7km do centro de Caruaru, confeccionavam apenas os tradicionais bonecos de boi e panelas de barro. A inovação, que veio através do tempo, ganhou novas formas e cores nas mãos daquelas que deixaram de ser meras coadjuvantes e decidiram dar o “toque de Midas” que faltava na produção: as mulheres.

A técnica deixada pelo Mestre Vitalino, artesão que deu início a retratação da figura do homem nordestino a partir de esculturas feitas na argila crua (sem pintura), foi ganhando novas características, a partir da participação efetiva das artesãs que, de tanto observar os homens da família fazer o trabalho, decidiram colocar a mão na massa, ou melhor, no barro.

Filha de um famoso bonequeiro da região (Zé Caboclo, já falecido), a artesã Marliete Rodrigues, por exemplo, há mais de 45 anos se dedica ao fazer artesanal. Através de suas mãos ágeis, a caruaruense molda no barro microesculturas que chegam a ter apenas uma polegada (2,5 cm). “Eu via as peças que meus pais e irmãos faziam e comecei, despretensiosamente, a produzir brinquedinhos de barro. Depois me identifiquei com a arte e passei a confeccionar miniaturas com 10 centímetros. Anos depois, decidi assumi o meu estilo minúsculo e acredito que deu certo”, disse ela.

Orgulhosa, Marliete revelou que já participou de várias exposições no Brasil e no exterior. “Já expus minhas peças pelo Nordeste, São Paulo e Rio de Janeiro. Também já levei nossa arte para Portugal, França e Bueno Aires (AR), onde fui indicada pelo Ministério da Cultura para representar Pernambuco na Feira Internacional do Turismo da América Latina”, comemorou.

Em vários pontos do Maior Centro de Artes Figurativas das Américas é possível perceber a influência da delicadeza artística das artesãs em peças cada vez mais trabalhadas. Em meio às bonecas, figuras que já conquistaram o gosto dos turistas, está Damiana Paes dos Santos, mais conhecida por “Aninha das bonecas”, que através da pintura, consegue descrever o amor que tem pela arte.

Autodidata e com apenas 25 anos de idade, ela capricha na hora de colorir as baianas, lavadeiras, dondocas e baronesas, cada uma com características e traços únicos. “Minha função é dar ‘vida’ às bonecas. Recebo as peças em barro cru e começo a transformá-las em obra de arte, através da pintura. Para isso, estou sempre atenta em relação ao que a moda apresenta. Afinal de contas, preciso deixa-las com looks exuberantes, luxuosos e cheios de muita estampa”, disse.

Seja de vestido, saia ou blusa, as bonecas da Aninha ganham vestimentas que combinam estampas, florais e brilho. “Assim como a cor verde, as flores também são marcas de meu trabalho. Além disso, costumo utilizar o brilho, sem excessos, para destacar algum ponto da roupa ou da maquiagem da peça”, explicou.