Um sentimento chamado política

Por Diego Martinelly
Por Diego Martinelly
Publicado em 16/07/2012 às 10:04

Tentei explicação no Aurélio e não encontrei. Nos livros históricos, encontrava apenas sua essência, mas nunca o sentimento da palavra política. Queria explicação para algo que parece estar na nossa frente, mas que é no inconsciente onde tudo está armazenado.

Olhar as crianças acompanhando caminhadas, jovens com os rostos pintados, adultos chorando pelos seus líderes é inexplicável. Alguns chegam a arriscar que, se estivesse vivo, Freud chamaria de “conscientes do mundo moderno”. Mas esse sentimento chamado política, como o mundo, passa por transformação. Se retrocedermos, vamos lembrar que a luta pela redemocratização foi buscar no íntimo das pessoas o sentimento de coletividade.

Os jovens e adultos iam às ruas na busca de persuadir aqueles que não conseguiam enxergar que tínhamos perdido a capacidade de se expressar, de cobrar, de informar e de refletir se aquela forma de governo era melhor para todos. O sentimento chamado política não pode ser este de votar porque ganhou dinheiro, porque conseguiu emprego pra algum parente ou conseguiu ser atendido de forma mais rápida no sistema público de saúde.

Se estivesse vivo, Freud chamaria de 'Os conscientes do mundo moderno'

A conduta do candidato, a análise do seu plano de governo, os guias eleitorais já são deixados de lado pelos “conscientes do mundo moderno” e isto está causando um enorme prejuízo à sociedade. É através deste voto que escolheremos deputados pensando em privilegiar uma minoria, senadores aprovando leis para poucos e presidente executando o que lhe dará mais capacidade política de administrar, com privilégios, e longe dos apelos populares.
 
Talvez nem pensaram na hora de parafrasear Freud, gênio no entendimento do ser humano, ele jamais diria uma bobagem dessa que escutamos de “conscientes no mundo moderno”. A expressão entrará logo em desuso quando recorrermos ao sistema público de ensino e encontrarmos mentes sucateadas, procurarmos por parentes nos hospitais e escutarmos que infelizmente não deu para salvar vidas, recorrermos à justiça para saber que ela tarda e custa a chegar.