Eleitorado letrado, mas políticos despreparados

Por Diego Martinelly
Por Diego Martinelly
Publicado em 20/08/2012 às 14:20

Eleitor consciente é sinal de uma boa escolha para administrar uma cidade por quatros anos? Na teoria, não podemos negar, até porque quando se fala em consciente se imagina que aquele eleitor não venderá seu voto, analisará as propostas no guia eleitoral e nos debates, discutirá as propostas de governo dos candidatos, e, por fim, confirmará o voto naquele que esteja mais preparado para administrar o município.

Esta“consciência” se adquire com conhecimentos, estudo e neste quesito os eleitores de Caruaru vão longe. Dados divulgados pelo TSE mostram que a cidade possui 21,842% dos moradores com ensino médio completo, enquanto Campina Grande (PB) só tem 11,09%, Recife 17,702% e o Brasil só tem 14,547%. Vamos mais além e agora pasmem com estes números: o percentual de moradores que têm o ensino superior completo em Caruaru é de 7,605%, já o de Campina Grande (PB) é de 4,700%, Recife é de 7,305% e no Brasil este número representa 4,442%.

Já na contramão destes dados, estão os candidatos a vereador de Caruaru. Um levantamento feito pelo Jornal Extra de Pernambuco mostra que o grau de escolaridade dos candidatos este ano diminuiu em relação ao último pleito. Apenas 17% apresentam nível superior completo, ou seja, mais de 80% dos postulantes ao cargo estão entre aqueles que concluíram o ensino médio, têm ensino médio incompleto, chegaram até o ensino fundamental ou nem mesmo terminaram a 4ªsérie do ensino fundamental.

Quando foi candidato a presidente da República, o senador Cristovão Buarque repetia em todos os seus discursos e entrevistas nos meios de comunicação que a revolução neste país teria que começar pela educação. As pessoas pouco deram ouvido, quando passava o guia eleitoral o que se escutava era “já vem este homem da educação”.

Aquele discurso estava imbuído de sentimentos desenvolvimentistas. É pensar que só construiremos uma saúde melhor se tivermos bons profissionais, bons professores, se tivermos um ensino de qualidade. As crianças da periferia só vão conseguir ser alguém na vida, se na escola pública tiver estrutura e bons profissionais para ele poder chegar a uma universidade federal, e, assim, prosseguiremos construindo valores nas diversas camadas da sociedade e fazendo um país mais justo.

Poderemos ver daqui a alguns meses um fenômeno raro. A grande massa, que por não ter conhecimento sempre foi iludida e dominada de forma fácil, agora, vão poder escolher e fiscalizar estes pseudos políticos que enxergaram nesta função a forma mais rápida e fácil de enricarem sem serem penalizados pela lei.