Sem-terra

MST ocupa vinícola Bianchetti, em Lagoa Grande

Do NE10
Do NE10
Publicado em 10/11/2013 às 15:23

Cento e quarenta famílias sem-terra ocuparam, por volta das 4h30 deste domingo (10), a vinícola Bianchetti, no município de Lagoa Grande, a 713 km do Recife. A fazenda produz vinhos, espumantes e sucos das marcas Bianchetti e Portal do Sol para Pernambuco e alguns estados do Nordeste desde a década de 1990.

Segundo o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), as terras da Fazenda Carnaubeira, nome que está na escritura da propriedade, são "consideravelmente improdutivas", o que levou à ocupação. As famílias, que viviam na região de Lagoa Grande, montaram acampamento em aproximadamente 400 hectares.

A proprietária da vinícola, Isanete Bianchetti Tedesco, alegou que as terras produzem a uva usada na fabricação das bebidas da marca. "Esta semana as famílias estavam instaladas nas terras ao lado e chegaram a avisar que sair de lá e vir para as minhas, mas não acreditei. Continuo sem entender qual é a lógica de ocupar uma fazenda em produção e com todas as contas em dia, principalmente nessa época do ano, que estamos produzindo mais, nos preparando para as festas de dezembro. A maior prova disso é que vivo a cerca de 300 metros da área ocupada", afirmou.

Isanete Bianchetti esteve na Delegacia de Lagoa Grande esta tarde para registrar um Boletim de Ocorrência e tentar conseguir, judicialmente, que as famílias deixem a terra. Porém, segundo a dona da fazenda, não conseguiu prestar queixa porque o sistema estava fora do ar. O procedimento será feito nesta segunda-feira (11).

A ocupação foi considerada tranquila tanto pelo MST-PE quanto pela responsável pela vinícola. Sem registros de confusão, as 140 famílias montaram acampamento durante este domingo. A Polícia Militar acompanha a instalação dos sem-terra.

MILANO - Outra vinícola foi ocupada no Sertão pernambucano em outubro. Cerca de 1,3 mil famílias sem-terra ocuparam a Fazenda Milano, dos vinhos Botticelli, em Santa Maria da Boa Vista, há cerca de um mês. O argumento utilizado pelo movimento para ocupar a fazenda é que, além das terras improdutivas, o dono do imóvel, José Gualberto, tem uma dívida com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT). No dia 5, duas entidades que representam os produtores de fruta e de vinho no Vale do São Francisco, no Sertão, afirmaram que a fazenda sofreu depredação.