operação ponto final 2

Vereadores de Caruaru podem pegar até 29 anos e 3 meses de prisão, diz polícia

Do NE10
Do NE10
Publicado em 14/02/2014 às 10:40

Teve início por volta das 8h30 desta sexta-feira (14) em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, a coletiva concedida à imprensa sobre a conclusão do inquérito policial da Operação Ponto Final 2. Durante explanação, o delegado de Polícia Civil Erick Lessa detalhou os passos da investigação que indiciou pelos crimes de corrupção ativa/passiva e organização criminosa os vereadores Jadiel Nascimento e Val das Rendeiras (ambos do PROS), Val (DEM), Neto (PMN) e Evandro Silva (PMDB). A pena para os parlamentares pode chegar a até 29 anos e três meses de prisão, caso eles sejam condenados.

Iniciada a coletiva, o diretor Integrado de Polícia do Interior 1, Salustiano Albuquerque, abriu a explanação comentando sobre a realização da Ponto Final 2. “É uma operação importante não só para o Interior 1, mas como para todo o Estado de Pernambuco”, enfatizou. Albuquerque ainda aproveitou para parabenizar todos os policiais e delegados envolvidos na ação.

Passada palavra para o delegado Erick Lessa, ele lembrou que o procedimento investigativo - iniciado no ano passado - constatou “a compra e venda de assinaturas para abertura de CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito]”. O principal ponto de partida para a operação se deu em setembro último, quando o vereador Ranílson Enfermeiro (PTB) declarou que parlamentares da oposição teriam oferecido dinheiro para que ele votasse a favor da instalação da comissão. 

De acordo com o delegado, Evandro Silva, Neto e Val pagaram aos vereadores Val das Rendeiras e Jadiel Nascimento para que eles assinassem o requerimento de instalação da (CPI) que iria investigar possíveis irregularidades apontadas em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). O valor ofertado para cada um dos parlamentares foi de R$ 30 mil dividido em duas parcelas, sendo a primeira paga antes da assinatura e a segunda depois da abertura da CPI. O delegado disse ainda que os vereadores pretendiam, posteriormente, barganhar junto ao Executivo o arquivamento da CPI. 

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Foram indiciados, segundo Lessa, por corrupção ativa e organização criminosa os vereadores Evandro Silva, Val e Neto. Já os outros dois envolvidos, Val das Rendeiras e Jadiel Nascimento, foram enquadrados nos crimes de corrupção passiva e organização criminosa. Se condenados, eles podem cumprir pena de até 29 anos e três meses de reclusão. Todos os cinco parlamentares permanecem afastados do legislativo por tempo indeterminado. Questionado quanto uma possível nova investigação policial envolvendo o legislativo caruaruense, o delegado enfatizou que sobre “operações futuras” a Polícia Civil não comenta.

Ainda de acordo com o delegado, as 600 páginas do documento com a conclusão do inquérito policial foram entregues no final da tarde dessa quinta-feira (13) ao Ministério Publico de Pernambuco (MPPE). Quinze dias é o prazo que o MP tem para apresentar denúncia ao Judiciário, que pode ou não acatar. Foram colhidos 22 depoimentos de vereadores, secretários municipais, presidentes de partidos políticos e outras testemunhas. Segundo Lessa, durante a operação também foi protocolado pedido de quebra dos sigilos fiscal e bancário, além de extratos reversos dos investigados. Constam ainda no inquérito 410 horas de provas cautelares.

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ENCONTRO – Em reunião na manhã desta sexta-feira, a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Caruaru inicia o processo de apuração sobre a conduta dos vereadores envolvidos nas Operações Ponto Final 1 e 2. O procedimento acontece em seguimento ao regimento interno do legislativo local, que prevê punição para o parlamentar que cometa ato contrário ao Decoro Parlamentar ou que afete a dignidade do mandato.