Os pais e os sete irmãos de Marciano convivem diariamente com a luta do jovem e o apoiam a continuar com o tratamento. Devido ao atrofiamento das pernas, ele precisa de apoio para se locomover, seja para o quarto, ou para qualquer cômodo da casa, por exemplo. O rapaz passa boa parte do dia em uma cadeira de balanço no terraço da nova residência, localizada na fazenda Santa Paula, a 435 km do Recife. A companhia para todas as horas é uma jandaia, apelidada de kiko, que está sempre por perto.
Devido às dificuldades, Marciano resiste a ir para a escola. "Estudei até a 7ª série [do ensino fundamental] e não tenho vontade de continuar. O que eu mais quero é poder voltar a andar e passear a cavalo", comenta, com a voz fraca. A escola mais próxima fica a alguns quilômetros de onde a família mora no Sertão pernambucano.
Duas vezes por semana o pai de Marciano, João Meneses, 57 anos, o leva ao centro da cidade para fazer fisioterapia. O procedimento é realizado em um casa alugada pela prefeitura, a 55 km da fazenda onde a família de Marciano mora. Sempre nas segundas e terças-feiras, o município disponibiliza um carro para transportar o jovem e um familiar para acompanhar o tratamento. Uma vez por mês, Marciano também vem ao Recife para fazer exames médicos.
MORDIDA - Filho de agricultores, o garoto foi contaminado no dia 7 de setembro de 2008 por um morcego. O animal mordeu o tornozelo do jovem enquanto ele dormia. Até hoje, Marciano mora com os pais e irmãos em uma casa, também de taipa, apenas alguns metros da antiga, onde foi contaminado.
Mesmo após ser curado de raiva no Recife Marciano sofreu diversas convulsões e precisou ser induzido ao coma. Lentamente, ele se recuperou e alguns meses depois recebeu alta da UTI. Hoje, o rapaz ainda continua com dificuldades para falar, mexer os braços e principalmente as pernas.
RAIVA - Apesar de ser conhecida desde a Antiguidade, ainda é um grave problema de saúde pública e acarreta altos custos na assistência preventiva às pessoas expostas ao risco de adoecer e morrer. O tratamento adotado em Pernambuco serve hoje de modelo em todo o País e recebeu o nome de Protocolo do Recife.
CAMPANHA - Oitocentos e noventa mil cachorros e 386 mil gatos devem ser vacinados neste sábado (1º) em Pernambuco, dia da Campanha Nacional de Vacinação Antirrábica Canina e Felina. A maioria dos casos registrados em humanos ocorre através dos cães. Em caso de mordida de qualquer animal - mesmo que "conhecido" - a pessoa deve lavar o local com água e sabão, e ir ao posto de saúde mais próximo. O tratamento profilático antirrábico é feito por meio de soro e vacina, disponíveis na rede do Sistema Único de Saúde (SUS).