Recuperação

Mulher de 24 anos celebra vida depois de vencer câncer duas vezes

Jaqueline Almeida
Jaqueline Almeida
Publicado em 08/03/2016 às 8:03

Depois de vencer câncer duas vezes, Thaís comemora sua vida e a do filho
Foto: arquivo pessoal/Thaís Maria da Silva
Dois cânceres, um bêbe e muitos milagres para comemorar. No Dia da Mulher, Thaís Maria da Silva quer celebrar a vida. A dela e a que gerou. A gente passa a agradecer por tudo. Eu estou viva, tenho um filho saudável. Não há nada que me deixe para baixo. Contra todos os prognósticos, sou uma mulher que venceu, diz.  A jovem de 24 anos aprendeu a acreditar no impossível. Fui diagnóstica aos 7 anos com leucemia em estado avançado. Antes de ter a certeza da doença, fui tratada com medicamentos errados, o que me levou a ficar paraplégica. Quando comecei o tratamento, as chances eram poucas. A médica que cuidou de mim dizia para minha mãe que não havia possibilidade de sobreviver, mas a gente não desistiu, lembra. 

Aos 7 anos, Thaís foi diagnosticada com leucemia
Foto: arquivo pessoal/Thaís Maria da Silva
Thaís passou nove meses internada no Hospital da Restauração, no Recife. Ninguém da minha família foi compatível para me doar a medula. Perdi meu cabelo, continuei sem andar. A cura parecia algo muito distante, mas não foi. No dia que recebi alta, tive uma hemorragia. Ninguém apostava na minha sobrevivência, mas Deus me permitiu ficar. Minha médula voltou a funcionar normalmente, voltei a andar. Tive uma adolescência normal até o diagnóstico do segundo tumor, revela.  

Em 2011, um novo câncer, desta vez na tiróide. Duas cirurgias, anos de tratamento com iodo e uma gravidez. Fiquei grávida um mês após o tratamento. A esperança de que meu filho sobrevivesse era muito pouca. Os médicos diziam que, caso não tivesse um aborto, meu filho nasceria com vários problemas de formação, sem um braço, sem dedos. Era assustador. Eu só imaginava perder o meu bebê. Quando conto a história, sempre me encho de felicidade. Toda a apreensão da gravidez ficou para trás. Há dois meses, Victor Gabriel nasceu. Ele é perfeito."

No Dia da Mulher, Thaís vai comemorar a vida. Eu acredito que todo mundo pode passar por situações difíceis, mas há sempre uma esperança. Nós, mulheres, somos muito fortes. A fé que a gente tem é capaz de tudo, inclusive milagres. Todo o apoio que recebi e recebo foi fundamental para me trazer de volta a felicidade.

APOIO Infelizmente, algumas mulheres ficam sozinhas no tratamento contra o câncer, é o que revela a oncologista Inês de Oliveira. As mulheres têm o habito de ir ao médico, são cuidadosas, parceiras mesmo. Mas o homem, na maioria dos casos, não consegue o mesmo. Não podemos dizer que é da natureza, mas os homens não oferecem o mesmo suporte que recebem das mulheres.

"Muitas delas passam o tratamento todo indo sozinhas ao médico mesmo sendo casadas", afirmou a médica. A oncologista disse ainda que a mulher tem a autoestima prejudicada pelo câncer e até mesmo a vida sexual. "Algumas doenças deixam sequelas na alma, uma delas é o câncer de mama. Ao final do tratamento, a mulher está mutilada. É muito difícil. Mas vejo casos de mulheres destruídas renascerem."