Agreste

Detento liga para rádio e denuncia facas na Penitenciária de Caruaru

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 28/07/2016 às 11:49

Penitenciária teve duas rebeliões em menos de três dias
Foto: Internauta/Cortesia.
Um detento da Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, ligou para a Rádio Jornal Caruaru e participou ao vivo do Programa Super Manhã, apresentado pelo comunicador Dilson Oliveira. Além da presença de celulares dentro da unidade prisional, o presidiário denunciou a existência de muitas facas artesanais em um dos pavilhões da unidade. No último sábado, uma rebelião deixou seis mortos e vários feridos

O detento, que não permitiu a divulgação do nome alegando questões de segurança, afirmou que os presos estão desde a primeira rebelião com a mesma roupa, que não há água e falta comida na penitenciária. Ele denunciou também a existência de uma facção dentro da unidade prisional. Ele afirma que este grupo comandaria a distribuição de comida e água e que cobra uma taxa de limpeza aos detentos.

O presidiário afirmou ainda os detentos não têm onde dormir e estão sem colchões. Ele afirmou também que as rebeliões teriam começado em represália a suposta facção que comanda a penitenciária.

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O NE10 Interior entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), que informou que o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, irá conceder uma entrevista coletiva após visitar a penitenciária nesta quinta-feira (28).

ENTENDA - Duas rebeliões foram registradas em menos de três dias na Penitenciária Juiz Plácido de Souza. O primeiro motim ocorreu no sábado e terminou com seis mortos e 18 feridos. A segunda rebelião ocorreu na segunda e teve saldo de nove feridos, segundo a Polícia Militar. Após controlar a situação, a Seres transferiu 100 detentos para outras unidades prisionais.

A superlotação é um dos graves problemas da penitenciária de Caruaru. Com capacidade para 380 presos, tem 1.992 detentos, cinco vezes mais que o permitido. O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, afirma que as rebeliões foram provocadas por grupos que querem controlar o tráfico dentro da penitenciária. A gente não pode deixar que eles decisam as coisas aqui dentro. Quem comanda a penitenciária é o Governo do Estado.

O secretário admite ainda que o Estado sabia de "um movimento de violência" dentro da penitenciária antes das rebeliões ocorrerem. Segundo ele, as providências estavam sendo tomadas, como o isolamento de todo setor administrativo da unidade (que não sofreu danos) e de sete detentos.