Eleições 2016

Caruaru tem chance real de ter segundo turno pela primeira vez

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 27/09/2016 às 9:48

Críticas se intensificam com a proximidade do dia da votação, no próximo domingo (2)
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Após atingir a marca de 209,8 mil eleitores, de acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Caruaru, no Agreste de Pernambuco, pode ter segundo turno pela primeira vez em 2016. As chances de isto acontecer são grandes na cidade, uma vez que há quatro fortes candidatos à prefeitura: o atual vice-prefeito e ex-vice-governador de Miguel Arraes, Jorge Gomes (PSB); o deputado estadual e ex-prefeito por dois mandatos Tony Gel (PMDB); a deputada estadual e filha do ex-governador de Pernambuco João Lyra Neto, Raquel Lyra (PSDB), e o delegado Erick Lessa (PR). 

Ex-gestor operacional da Polícia Civil da Diretoria Integrada do Interior 1 (Dinter-1), Lessa - alagoano - é a novidade do pleito deste ano. Ele se apresenta como alternativa aos três grupos que governaram a cidade nas últimas cinco décadas e tem aparecido em segundo lugar em pesquisas de intenção de voto divulgadas no município. Tony Gel aparece em primeiro.

A cidade conta ainda com os candidatos Rivaldo Soares (PHS), Eduardo Guerra (Psol) e Jefferson Abraão (PCB), que não estão coligados com nenhum partido e exercem papel tímido na campanha. Soares chegou a ensaiar uma desistência de concorrer no pleito, por falta de apoio e recursos, mas acabou voltando atrás.

De acordo com a cientista política e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ana Maria Barros, a existência do segundo turno é importante porque possibilita ampla discussão dos projetos de governo de vários candidatos, mesmo com as restrições da lei eleitoral. "Pelas pesquisas e pelo crescimento das candidaturas tudo indica que haverá segundo turno, e será um segundo turno bastante competitivo", afirma. Apesar de as pesquisas indicarem Tony Gel no segundo turno com Raquel ou Lessa, a professora acredita que a eleição só vai se decidir no dia 2 de outubro: "Em eleição, sempre pode ter supresas".

O clima político na cidade era considerado morno no início da campanha, mas nas últimas semanas, as críticas se intensificaram, tanto no guia eleitoral como em debates realizados pela imprensa local. Jorge Gomes usa o fato de Tony Gel ter renunciado à prefeitura em 2008, o que fez com que o então presidente da Câmara de Vereadores Neguinho Teixeira assumisse a administração da cidade: Neguinho acabou sendo preso. Lessa aproveita a propaganda para responder a críticas direcionadas a ele, uma delas, a de que ele seria um "forasteiro". 

A campanha também foi marcada pela presença de lideranças políticas em Caruaru. O ministro das Cidades, Bruno Araújo, e o senador Armando Monteiro Neto (PTB), subiram no palanque de Raquel Lyra. O pai da candidata participou de eventos ao seu lado, mas deixou para aparecer no guia eleitoral na penúltima semana. 

Apesar de ser do PSB, Jorge não teve o apoio público do governador Paulo Câmara, que não participou de eventos do prefeiturável, ao contrário do que aconteceu em Petrolina, no Sertão, onde Paulo participou de caminhada ao lado de Miguel Coelho (PSB). Já o prefeito José Queiroz (PDT) está presente na propaganda de Gomes desde o início, com o mote "Foi Zé que fez e Jorge também". O filho do ex-governador Eduardo Campos, Pedro Campos, esteve na convenção que homologou sua candidatura.

Tony Gel tem o apoio do vice-governador Raul Henry (PMDB), do deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) e do senador Álvaro Dias (PV). Lessa recebeu a ex-senadora Marina Silva na inauguração do comitê dele e no guia eleitoral.