Julgamento

Caso Marcolino: agora, MPPE espera conseguir condenação de Davi

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 22/06/2017 às 17:35

Promotor Antônio Rolemberg atuou no julgamento de Rafael Leite
Foto: reprodução/TV Jornal

Rafael Leite da Silva, 33 anos, foi condenado nessa quarta-feira (21) pelo assassinato do colunista social e jornalista Marcolino Júnior. Ele vai responder pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (mediante promessa de pagamento, por maneira cruel e sem dar possibilidade de defesa à vítima), furto e ocultação de cadáver. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) fez atuação em várias fases do processo, nas quais atuaram três promotores diferentes: Keiler Toscano (denúncia), Márcia Amorim (instrução) e Antônio Rolemberg (alegações finais e instrução em plenária-júri).

O promotor Antônio Rolemberg concedeu entrevista ao NE10 Interior detalhando a participação no julgamento. Segundo ele, o Ministério Público continua defendendo a denúncia, já que dois homens foram denunciados pela morte do jornalista. Davi Fernando Ferreira Graciano é acusado de ser o mandante do crime. "Temos 50% ainda a buscar, falta o mandante, que é Davi. Conseguimos que os jurados reconhecessem o executor. Precisa levar para o plenário o mandante. Estamos aliviados de condenar ele [Rafael], mas a luta continua e esperamos fechar o ciclo para que a sociedade fique completamente resguardada", afirmou.

Durante a atuação do promotor no júri, vários argumentos que garantiram a condenação de Rafael foram apresentados. "As provas dos autos, principalmente as técnicas, em confronto com as testemunhas, trouxeram a certeza que Rafael agiu a mando de Davi, que ainda está para ser pronunciado", disse. Entre os pontos apresentados estiveram as contradições nos depoimentos de Rafael, apresentados à Polícia Civil e posteriormente à Justiça.

Temos 50% ainda a buscar, falta [condenar] o mandante, que é Davi

promotor Antônio Rolemberg

De acordo com o inquérito da Polícia Civil, presidido pelo delegado Márcio Cruz, Rafael dopou Marcolino, aplicou um golpe de jiu-jitsu no jornalista e o matou a facadas dentro de um motel de Caruaru. Em seguida, colocou o corpo do jornalista dentro da mala do veículo de Marcolino e deixou o cadáver em uma área rural do distrito de Insurreição, em Sairé, também no Agreste. Todo o crime teria acontecido a mando de Davi Fernando, ex-funcionário do colunista. O processo de Davi está na fase de alegações finais e ele ainda não foi pronunciado.

"Na perícia do telefone dele foram encontradas fotos comprovando que ele estava com a amante em São Caetano. A perícia também achou um vídeo na sexta-feira antes da morte, em que Rafael filmou que estava almoçando com Marcolino. O próprio Rafael disse que quase tocou fogo no carro, e foi encontrado um vasilhame com álcool no veículo. Ele mesmo confessou e depois negou em juízo. Também foi encontrada uma impressão digital na fita adesiva encontrada no carro. A fita era igual à que foi utilizada para fixar a bolsa plástica ao redor do pescoço de Marcolino. O fato de ele ter dito que iniciou o doping em Marcolino com um sorvete. Ficou comprovado que ele comprou um sorvete na hora que Marcolino foi encontrar com ele", lista o promotor.

Julgamento de Rafael

O julgamento durou 15 horas e foi realizado no Fórum Juiz Demóstenes Batista Veras, em Caruaru. Durante o júri, foram ouvidos o delegado Márcio Cruz e dois peritos (testemunhas de acusação) e o ex-funcionário do motel Fabiano Paulino (testemunha de defesa). Na sequência, Rafael foi interrogado e aconteceram os debates orais da promotoria e defesa. Sete jurados definiram o destino de Rafael; o placar não é divulgado pela Justiça. Ele cumprirá a pena na Penitenciária Juiz Plácido de Souza (PJPS), onde já estava preso desde abril do ano passado, quando tentava vender o carro de Marcolino.