"Bis In Idem"

Policiais investigados em operação tiveram R$ 5 milhões em bens bloqueados

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 30/11/2017 às 11:33

Veículos dos investigados foram apreendidos e sequestrados pela Justiça
Foto: divulgação/Polícia Civil

A Justiça bloqueou R$ 5 milhões em valores estimados para os bens imóveis, móveis e de contas bancárias dos três policiais civis investigados na Operação "Bis In Idem", além de um quarto homem que se passava por agente de polícia. Lotados na Delegacia de Plantão de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, os policiais são suspeitos de concussão, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

As investigações descobriram que os policiais solicitavam o pagamento de uma quantia em dinheiro ou depósito em conta como uma "recompensa" para localizar e recuperar veículos e mercadorias roubadas. Os policiais civis também teriam exigido valores "exorbitantes" a empresários investigados, como condição para que o inquérito fosse sabotado.

Durante um curto período de tempo, os suspeitos conseguiram reunir um patrimônio incompatível com seus salários. "Nós identificamos que a linha base dos investigados era o ganho de vantagens indevidas de qualquer maneira", explicou o delegado Ramon Teixeira, do Grupo de Operações Especiais (GOE), titular da investigação.

Delegado Ramon Teixeira, do Grupo de Operações Especiais (GOE), foi o titular da investigação
Foto: divulgação/Polícia Civil

As investigações começaram em setembro de 2016, quando gerentes e funcionários de uma empresa transportadora de bens, cargas e mercadorias com sede em Goiânia (GO) foram vítimas de solicitações indevidas de um policial civil, que condicionava a localização e recuperação de um caminhão e uma carreta da empresa ao pagamento de quantias correspondentes a 30% do valor de mercado dos veículos.

Investigações continuam

De acordo com a Polícia Civil, as investigações continuam em andamento, com o objetivo de identificar outros policiais envolvidos. Várias vítimas já foram identificadas, e o GOE acredita que outras ainda devem ser descobertas a partir da divulgação da operação.

A polícia irá investigar a conduta das empresas transportadores de cargas e de seguradoras e empresas de rastreamento para apurar se alguma delas cometeu o crime de corrupção passiva, mediante o pagamento de "gratificações" aos policiais. A investigação também vai apurar se a recuperação dos veículos e das mercadorias roubadas tem alguma ligação com os assaltos.