Investigação

Oito pessoas podem estar envolvidas no sequestro de criança em Panelas

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 28/12/2017 às 14:51

Coletiva de imprensa foi realizada nesta quinta-feira pela Secretaria de Defesa Social
Foto: divulgação/Polícia Civil

O inquérito que investiga o caso do sequestro de uma menina de três anos no Distrito de Cruzes, em Panelas, no Agreste de Pernambuco, está cada vez mais complexo. A cada dia surge um fato novo, que exige um trabalho aprofundado por parte das autoridades policiais. Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (28), a Secretaria de Defesa Social (SDS) deixou claro que as investigações ainda estão no início. A criança foi levada de dentro da residência dos pais no último domingo (24), na Véspera de Natal, e foi encontrada na noite dessa quarta-feira (27) no município de Catende, na Zona da Mata Sul do Estado.

Veículo foi achado em um galpão em Garanhuns
Foto: divulgação/Polícia Civil

Até agora, oito pessoas estão sendo investigadas por suspeita de participação. O primeiro a ser preso foi um vizinho da família da criança, que mostrou aos sequestradores onde ficava a casa da menina. Ele foi preso por meio de mandado de prisão temporária, com prazo de cinco dias. O vizinho chegou à casa da menina com outros dois homens, que estavam armados e a levaram. Um quarto homem estava em Celta branco e ajudou na fuga.

Na coletiva de imprensa, o chefe da Polícia Civil de Pernambuco, delegado Joselito Kehrle, afirmou que a prisão preventiva dos três homens soltos já foi solicitada e a polícia aguarda uma resposta da Justiça sobre os mandados. O trio foi identificado após a polícia localizar o carro utilizado para levar a menina de casa. Antes adesivado com faixas pretas, o veículo foi descaracterizado e seria desmontado em um galpão na cidade de Garanhuns, no Agreste. "O proprietário deste galpão foi ouvido e disse que de fato os três sequestradores devolveram o veículo após a utilização e a veiculação das imagens", disse Joselito Kehrle, que confirmou que o dono do galpão também será investigado.

Adesivos que estavam no carro foram retirados
Foto: divulgação/Polícia Civil

Segundo a investigação, os sequestradores teriam sido contratados por um suposto pai biológico da criança, que é um detento do Presídio Desembargador Augusto Duque, em Pesqueira, no Agreste. De acordo com Cristiano Regis, representante da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) na coletiva, o homem está preso desde 2014 pelos crimes de homicídio e assalto. Ele teria ordenado a liberação da criança após o caso ganhar repercussão no Estado.

Além destas pessoas, duas mulheres foram detidas na manhã desta quinta-feira (28) na cidade de Catende. Elas alegam ser mãe e avó biológica da menina e podem ter ficado com a criança durante o tempo que ela passou desaparecida. Porém, na certidão de nascimento da menina, constam os nomes do casal com quem ela vive em Panelas. Por causa disto, exames de DNA serão realizados. "Há durante a investigação a necessidade de perfis genéticos de exames de DNA que possam traduzir a veracidade dos fatos; se de fato o presidiário é o pai da criança - uma vez que a mãe nega - e há uma outra senhora que se apresenta como mãe desta criança", explica Joselito Kehrle.

Durante a coletiva de imprensa, a SDS ressaltou que as investigações ainda estão no início. "Nós não descartamos nenhum viés da prática desse crime, vamos explorar todas as possibilidades para ter a certeza da particpação de cada um e a motivação real deste arrebatamento", afirmou o secretário executivo de Defesa Social, Humberto Freire. Os envolvidos podem responder por sequestro, abandono de incapaz, cárcere privado, entre outros crimes. A procedência do veículo utilizado no sequestro também será apurada.

Criança não sofreu violência sexual

Agora, a menina está sob os cuidados da família, com a supervisão do Conselho Tutelar de Panelas. Na coletiva de imprensa, a Polícia Civil também divulgou o resultado do exame sexológico realizado pelo Instituto de Medicina Legal (IML) de Caruaru, no Agreste, na menina. O laudo assinado pelo perito José Alves alega que a criança não sofreu violência física nem sexual. O resultado contradiz o primeiro exame feito pelo médico Flávio Augusto Andrade, que informava que ela havia sido vítima de abuso sexual.