Mudanças

Apesar da poluição, há esperança para o Rio Ipojuca

Projetos de tratamento de água colaboram para melhorias no rio

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 30/05/2019 às 15:15
Reprodução/TV Jornal Interior
FOTO: Reprodução/TV Jornal Interior

Após percorrer o estado de Pernambuco, o rio Ipojuca junta um pouco de poluição em cada cidade que passa. Esgotos sem tratamento, lixo e poluição em geral ameaçam a vida do rio, que insiste em sobreviver. Essa persistência, através de projetos de tratamento, transforma-se em esperança.

Na cidade de Belo Jardim, no Agreste do estado, uma barragem foi construída para amenizar a seca da região. Projetada para acumular mais de 35 milhões de metros cúbicos de água, essa barragem, com água limpa e peixes, garante a sobrevivência da população ribeirinha da comunidade.

Segundo pescador Evandro João, a sobrevivência de sua família é garantida pelo rio. "Eu vivo de pesca. Passei por momentos difíceis e procurei outros serviços e fiz bicos, mas apenas esperei a barragem encher para voltar à pesca de novo", explica. Evandro pesca no rio Ipojuca há 19 anos.

Ainda em Belo Jardim, a população em geral é atraída pela barragem. O local apelidado de "prainha" leva a população para se divertir no local em bares, degustando peixes pescados no rio. A poluição existe, com descarte inadequado de lixo dos frequentadores do local, no entanto, ainda se mantém sob controle.

Outra localidade que garante esperança ao rio é a cidade de Tacaimbó. Lá, o esgoto, que antes era jogado no rio de forma bruta, é colocado numa estação de tratamento. A capacidade total é de 37 litros cúbicos por segundo. Após a separação entre líquidos e sólidos, o material descartado pode ser utilizado para adubação de plantios. 

Compesa implantou projeto para tratar água antes de lançar no rio em Tacaimbó
Compesa implantou projeto para tratar água antes de lançar no rio em Tacaimbó
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Segundo a Secretaria de Saúde de Tacaimbó, após a implantação da estação de tratamento, houve uma diminuição de doenças infecciosas e até de mortalidade infantil. De acordo com Luzia Cícera, dona de casa ribeirinha, doenças ocasionadas pelo rio eram comuns. "Antes eu tinha diarreia, tinha gripe forte, mas agora a água é limpa e não tem mais problemas", explica.

As cidades de Sanharó, Belo Jardim, Tacaimbó e São Bento do Una devem ser as próximas a receber a obra. O projeto da Compesa é que todas as cidade banhadas pelo Rio Ipojuca possam tratar o esgoto bruto que o rio recebe.

Na zona rural, o afluente voltou a ser utilizado para fins agrícolas após o tratamento. Segundo agricultor José Rinaldo, as famílias não iriam sobreviver caso o rio desaparecesse. "O rio representa tudo para nós aqui. Sem o rio, não teríamos como viver. Ele serve para a gente criar, plantar. Aqui, o movimento da agricultura é todo do rio", comenta.

Em Caruaru, a organização não governamental (ONG) SOS Rio Ipojuca planta mudas nas margens do rio. O projeto tem o objetivo de ajudar na limpeza das águas através do plantio de árvores nativas da região. Segundo Alysson Borges, um dos estudantes que apoiam o projeto, a iniciativa garante o rio para as futuras gerações. "Plante, porque a vida começa de baixo e quando você vê ela já está florida e é igual estamos fazendo aqui. Estamos plantando para no futuro, florir", explica.

Entre descasos e cuidados, o Ipojuca sobrevive. Sua importância para o estado de Pernambuco demonstra a necessidade de políticas públicas de preservação ambiental. Em um projeto, o dia municipal do rio Ipojuca foi criado em Caruaru, na data de 9 de maio. Esse é o começo de uma discussão necessária. O caminho agora é de esperança.

Confira a reportagem de Luiz Carlos Fernandes, da TV Jornal Interior: