Perigo

Selfies matam cinco vezes mais que ataques de tubarão, diz estudo

Segundo o estudo, 259 pessoas morreram tirando "a foto perfeita"

Antonio Virginio Neto
Antonio Virginio Neto
Publicado em 15/07/2019 às 12:07
Foto: Pixarbay
FOTO: Foto: Pixarbay

Registrar um acontecimento, demonstrar alegria ou simplesmente jogar para o mundo o que está fazendo no momento. As selfies viraram uma parte importante do cotidiano dos usuários de redes sociais desde o surgimento da ferramenta. No entanto, de acordo com um estudo realizado pelo Journal of Family Medecine and Primary Care, a prática tem se tornado bastante perigosa e mata cinco vezes mais que ataques da tubarão.

A pesquisa foi realizada entre outubro de 2011 e novembro de 2017 e analisou o comportamento dos jovens em diversos lugares do planeta. Segundo o estudo, pelo menos 259 pessoas morreram tirando selfies em diferentes lugares do mundo durante o período de análise. O número representa um dado cinco vezes maior do que aquele de pessoas mortas em ataques de tubarão, que foi de 50 mortos no mesmo período.

Isso acontece, segundo a publicação, porque os jovens se arriscam para fazer as imagens. Na Índia, por exemplo, país com o maior recorde de mortes no período avaliado pelo estudo - 159 mortos - os jovens tiram fotos em linhas de trem ou em embarcações naufragadas. Outros países "campeões" do ranking são a Rússia, com 16 mortes; e Estados Unidos, com 14.

Para a psicóloga Deborah Santos, abraçar o risco em busca de likes está aliado ao lado narcisista dos indivíduos. "Chamar atenção para si é um desejo de todos os humanos, é o nosso lado narcisista demandando atenção. Se arriscar para uma foto que a pessoa tem certeza que dará essa atenção para ela acaba se tornando apenas uma forma de alimentar esse lado", explica. Segundo a psicóloga, essa é uma maneira que os indivíduos encontram para tocar as pessoas.

Ainda de acordo com Deborah, embora as redes sociais sejam um perigo para esse tipo de relação, ela não devem ser tratadas como um caso isolado. "As redes sociais são um gatilho para esse tipo de risco que os usuários correm. As pessoas pensam muito em receber atenção através das redes, embora elas não necessariamente sejam a principal causa. Se não fosse as redes sociais seria outra coisa"", comenta.

Segundo a psicóloga, o uso responsável vai de acordo com o jovem. "Usar com responsabilidade vem muito da maneira como o jovem foi educado, dos valores, daquilo que ele acredita na vida dele. Se for um jovem sem atenção em casa, mas que na internet consegue alcancer 10 mil pessoas, por exemplo. Ele vai fazer de um tudo para conseguir essa atenção", comenta.

Mas e aqueles que trabalham produzindo conteúdo para a internet? O uso de selfies e incorporamento de imagens tem gerado novas profissões, como é o caso dos influenciadores digitais, usuários com muitos seguidores nas redes sociais.

Para o influenciador Sávio Cavalcante da cidade de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, correr esses riscos e produzir esse tipo de conteúdo vai de acordo com o usuário. "Hoje em dia todos somos produtores de conteúdo. E quanto mais diferente for a foto, mais atenção irá chamar nas redes", aponta.

Sávio, conhecido na internet como Savinho, revela que ele mesmo já correu riscos ao produzir conteúdo. "Uma vez fiz uma foto em pé numa lancha em movimento. A ideia era fazer uma brincadeira ou até ter um alcance maior, mas hoje eu vejo que me arrisquei", revela. Segundo ele, a foto aconteceu durante a gravação de um desafio e repercutiu nas redes sociais após a postagem.

Sávio também revela que tirou uma foto colocando-se para fora de um ônibus de primeiro andar na cidade de Gramado, no  Rio Grande do Sul. "Eu queria pegar o portal da cidade na foto, então eu realmente me pendurei", explica. 

O estudo aponta que as mulheres tiram mais fotos, entretanto, os homens se arriscam mais. Cuidado na hora de tirar a "foto perfeita". Isso pode acabar com você... literalmente.