O produtor de acerola do interior de Pernambuco gastou em média R$ 5 mil por hectare para implantar a fruta na última safra 2018/2019. De acordo com o Sindicato dos Agricultores Familiares de Petrolina (Sintraf), no Sertão, que fez o levantamento, isto quer dizer que o agricultor teve que produzir pelo menos 250 caixas por hectare na média para cobrir os custos com o fruto.
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O preço médio é de R$ 20 por caixa e a mão de obra, R$ 9 por cada colheita. Juntando com o custo da irrigação e os tratos culturais (adubação, capinação e fertilização), a entidade calcula que o produtor tirou uma rentabilidade de quatro caixas por hectare. O levantamento explica ainda que um produtor de acerola leva pelo menos um ano e meio para cobrir o investimento.
Já para conseguir uma rentabilidade, são necessários três anos. Depois da colheita, o fruticultor comercializa o produto para feiras livres e alimentação escolar, além de atravessadores que distribuem o "grosso" da produção de Petrolina para Fortaleza, Teresina, Aracaju, Salvador e outras capitais, além de cidades como Feira de Santana, Ubatã, Ibirataia, Novas Flores e Ilhéus.
O agricultor Jacob Nunes, 50 anos, produz acerola há oito anos e percebeu as mudanças. A plantação dele fica no projeto de irrigação Nilo Coelho, N-6, em Petrolina. São cerca de 2,5 hectares. A maior parte da produção é vendida para comerciantes da região e fábricas de polpas em Fortaleza e cidades da Bahia.
"Ultimamente, está completando um ano, que o preço está defasado, muito baixo, e os custos muito altos", disse. Para o agricultor, uma alternativa para que a situação melhorasse seria estimular a vinda de fábricas de polpas para Pernambuco. Ainda de acordo com o produtor, a falta de chuvas na região também atrapalha as produções. O período mais intenso de produção é de setembro a maio.
Para a presidente do Sintraf, Isália Damacena, há a previsão de uma melhora com relação aos preços das próximas safras. Porém, não é possível analisar isto como uma boa notícia. Recentemente, muitos produtores decidiram erradicar as próprias áreas de acerola, o que fará com que a disponibilidade da fruta seja reduzida.
"Estimamos que até o início do ano passado, 3.422 agricultores familiares produziam acerola no município, desde os projetos irrigados Nilo Coelho, Maria Tereza e Bebedouro até as áreas de sequeiro como Pontal Perenizado e assentamentos. Mas de lá para cá, tivemos uma média de 500 pessoas migrando para outras culturas", revela.
Lucros diminuíram
A pesquisa avalia que antigamente o cultivo de acerola em Petrolina dava um retorno comercial mais satisfatório, pois o custo de produção era mais baixo. Porém, recentemente, houve alta na mão de obra, baixa procura pela fruta e uma redução nos preços. Como consequência, diminuíram os lucros para o agricultor.
Os dados do levantamento deverão ser usados pelo Sintraf para reivindicar políticas públicas de fomento junto a autoridades do Vale do São Francisco e pleitear assistência técnica e descontos de tarifas para os agricultores familiares diante das instituições federais, estaduais e do município.