Investigações

Vereador de Cedro, no Sertão, é preso em operação da Polícia Federal

Operação "Octopus", da Polícia Federal, foi deflagrada nessa quinta-feira (8)

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 09/08/2019 às 9:05
Divulgação/PF
FOTO: Divulgação/PF

Um vereador da cidade do Cedro, no Sertão de Pernambuco, foi preso durante operação "Octopus", da Polícia Federal, deflagrada nessa quinta-feira (8). A ação investiga crimes de frustração e fraude ao caráter competitivo da licitação, peculato e lavagem de dinheiro. Foram cumpridos dois mandados de prisão temporária, contra o vereador e um laranja, além de três mandados de busca e apreensão, um na Câmara Municipal e os outros dois nas residências dos investigados.

Durante a operação, a PF apreendeu um carro, celulares, mídias e documentos, que passarão por perícia técnica que subsidiará as investigações em andamento. Após interrogatório, os presos foram indiciados e liberados, por determinação do juiz estadual da Comarca de Serrita, também no Sertão. O vereador ficará afastado do cargo por 30 dias. Caso sejam condenados, os suspeitos podem pegar penas que ultrapassam 20 anos de reclusão.

Segundo a Polícia Federal, a ação é um desmembramento da Operação Chofer, realizada em maio deste ano, quando foram realizadas busca e apreensão na prefeitura do município e na casa do prefeito. O nome da operação refere-se ao polvo, que tem oito braços, em alusão às ramificações, oriundos das investigações apuradas na primeira operação.

Carro foi apreendido pela Polícia Federal
Carro foi apreendido pela Polícia Federal
Divulgação/PF

Relembre o caso

A operação Chofer foi realizada no dia 15 de maio deste ano, com foco na apuração de desvio de recursos públicos, em virtude de possíveis irregularidades em contratações por parte da prefeitura, através do uso de laranjas por parte do atual gestor, para vencer procedimentos licitatórios e/ou dispensá-los indevidamente. Com isto, ainda segundo a polícia, apropriava-se de recursos públicos, sem a correspondente prestação de serviço ou fornecimento do produto.

A empresa utilizada para a contratação e possíveis desvios tinha pouco mais de 30 dias e foi contratada pela prefeitura para a aquisição de materiais de construção e reformas nas secretarias do município, no valor de R$ 398 mil. Em 2017, a empresa foi contratada para serviço de manutenção de veículos. Entre 2017 e 2018, foram empenhados cerca de R$ 3 milhões em favor da empresa para serviços como fornecimento de peças e manutenção para frota do veículos até a poda de árvores.

O sócio da empresa já teria sido contratado como motorista do atual prefeito e ainda prestou serviço de eletricista na campanha eleitoral. A outra sócia é beneficiária do Bolsa Família e ambos habitam em uma residência simples na zona rural, demonstrando não ter condições financeiras para ter uma empresa de tal porte.

O endereço da empresa é um prédio coligado a um estabelecimento comercial que pertence ao prefeito. Na operação Chofer, foram cumpridos cinco medidas cautelares de busca e apreensão realizadas por 21 policiais federais. Na época, foram apreendidos na residência do prefeito aproximadamente R$ 45 mil em espécie e R$ 160 mil em cheques, além de um carro, uma pistola com registro vencido, celular e mídias. Na prefeitura e nas empresas foram apreendidos processos licitatórios e outros documentos referente à investigação. O nome da operação refere-se à função de motorista de um dos sócios da empresa, indicado como laranja.