Sequestro a ônibus

Sequestrador estava em surto psicótico ao ameaçar incendiar ônibus

Psicóloga identificou perfil e ação levou a polícia a iniciar a “negociação tática” que culminou nos disparos fatais

Agência Brasil
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Publicado em 21/08/2019 às 7:50
Foto: Reuters/PILAR OLIVARES
FOTO: Foto: Reuters/PILAR OLIVARES

O jovem Willian Augusto da Silva, de 20 anos, estava em surto psicótico nessa terça-feira (20) quando sequestrou um ônibus na Ponte Rio-Niterói, permanecendo por três horas e meia com 37 reféns parados na altura do vão central, na pista sentido Rio.

O governador do estado, Wilson Witzel, que concedeu coletiva à imprensa no início da tarde, considerou um sucesso a operação que terminou com a morte de Willian. “Tivemos que usar atiradores de elite para neutralizar um homem que ameaçada dezenas de vidas. Eu estive no local, subi no ônibus e vi que havia um cheiro forte de gasolina. Ele pendurou no teto do ônibus garrafas PET cortadas com gasolina e tinha um isqueiro na mão quando foi abatido. Durante a negociação ele demonstrou uma perturbação mental e disse que queria parar o estado. Vamos ouvir os reféns e familiares para entender o que levou ele a praticar este ato.", comentou. Ação policial foi registrada em vídeo e divulgada nas redes sociais. 

Segundo o comandante do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope), tenente-coronel Maurílio Nunes, que foi o responsável pela ação, as negociações por telefone não avançaram e a psicóloga presente no local identificou em William um perfil psicótico, o que, segundo ele, levou a polícia a iniciar a “negociação tática” que culminou nos disparos fatais. “No contato, ele alegou que queria se matar, iria se atirar da ponte, estava difícil manter a negociação, ele saiu do ônibus e apontou a arma para uma vítima. Sempre tomamos por princípio que a arma era real. O ônibus estava engatilhado, com garrafas PET com gasolina penduradas e ele tinha um isqueiro, então a ameaça era real. A negociação passou para tática, comandada por mim.", explicou. 

Por motivo de sigilo no inquérito, Nunes não revelou quantos atiradores participaram da ação nem quantos tiros foram disparados. “Foram disparados os tiros necessários para ele parar. Ele também tinha uma faca e uma arma de choque”, informou o tenente-coronel.

O sequestrador foi levado para o Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio, mas não há informações se ele chegou com vida ou já morto à unidade de saúde. A Polícia Civil assumiu a ocorrência e a Delegacia de Homicídios da capital será a responsável por conduzir o inquérito, que está em sigilo.

Na coletiva, o governador Witzel voltou a defender que pessoas portando fuzis possam ser abatidas por atiradores de elite e informou que vai provocar o Supremo Tribunal Federal para que seja dado um entendimento jurídico nesse sentido.

“Eu quero extrair o entendimento de que quem porta fuzil é ameaça iminente, não podemos esperar ele atirar primeiro. A sociedade precisa tomar essa decisão, vamos provocar o STF para ter esse entendimento jurisdicional. Se esse de hoje pode ser abatido, porque não quem está com um fuzil?", questionou o governador.

Reprodução/redes sociais
Imagens mostram armadilhas colocadas pelo sequestrador no ônibus - FOTO:Reprodução/redes sociais
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Imagens mostram armadilhas colocadas pelo sequestrador no ônibus - FOTO:Reprodução/Redes Sociais
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Imagens mostram armadilhas colocadas pelo sequestrador no ônibus - FOTO:Reprodução/Redes Sociais
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Imagens mostram armadilhas colocadas pelo sequestrador no ônibus - FOTO:Reprodução/Redes Sociais

William não tinha antecedentes criminais e parentes relataram que ele estava em surto psicótico há três dias. A arma encontrada com ele era um simulacro, ou seja, de brinquedo.

Em declaração à respeito do sequestro de um ônibus na ponte Rio-Nitéroi, do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que "não tem que ter pena" do homem que sequestrou o ônibus e manteve 37 passageiros como reféns. A declaração foi feita antes do término da ação, que acabou com a morte do suspeito. 

O presidente falou com jornalistas em frente ao Palácio da Alvorada e durante a ocasião relembrou o caso do ônibus 174, que terminou com a morte de uma professora após o sequestrador fazer a vítima de escudo. "No ônibus 174 não usaram sniper e o que aconteceu? Morreu a professora inocente", disse. "Não tem que ter pena [do sequestrador]", comentou.