Entrevista

Demora de Bolsonaro para conter manchas de óleo é vingança contra o Nordeste, diz Ciro Gomes

Declaração foi dada em entrevista à Rádio Jornal Caruaru

Marilia Pessoa Marilia Pessoa
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Marilia Pessoa
Publicado em 22/10/2019 às 11:02
Acervo/Agência Brasil
FOTO: Acervo/Agência Brasil

Em entrevista à Rádio Jornal Caruaru, o ex-candidato à presidência do Brasil em 2018, Ciro Gomes (PDT), afirmou nesta terça-feira (22) que o presidente Jair Bolsonaro está se vingando do Nordeste ao demorar para tomar medidas em relação ao aparecimento das manchas de óleo nas praias da região.

Segundo ele,  o presidente Jair Bolsonaro jogou fora um plano para conter as manchas."Bolsonaro é vingativo. Ele não perdoa nós nordestinos porque perdeu na região. Só isso explica essa canalhice. Na costa brasileira passa muito petróleo, então no governo do Brasil já existia um plano de contingência, já havia uma condição de acompanhamento. Bolsonaro fechou essa condição, jogou esse plano na lata do lixo e não fez absolutamente nada sério. Viajou para fora do país sem ter feito sequer uma visita à região. Bolsonaro é um tragédia para o Brasil", destacou.

O ex-candidato ainda avaliou o atual governo e fez críticas a Bolsonaro, afirmando que ele está agravando ainda mais a crise que o Brasil vinha enfrentando. "É um desastre completo sem precedentes. Os últimos dez anos foram os piores em matéria de crescimento econômico e geração de empregos".

Eleições

Quando questionado sobre a derrota na eleição para presidente no ano passado, Ciro afirma que era o segundo predileto pelos eleitores, mas não o primeiro devido a forte polarização que o Brasil vinha enfrentando. "O Brasil vem de uma polarização violenta, marcada pelo ódio. As regiões pensam de maneiras muito diferentes e algumas vezes, extremadas. Eu era visto como uma pessoa que havia sido aliado do PT, e a grande força das eleições passadas foi o sentimento de anti petismo. No Nordeste não, mas em regiões do Sul e Sudeste sim", explica.

Ao ser relembrado do episódio da facada sofrida por Jair Bolsonaro durante um ato de campanha na rua em setembro de 2018, Ciro destaca que esse pode ter sido um fato que ajudou Bolsonaro a crescer nas pesquisas de intenção de voto: "Não se acreditava que Bolsonaro poderia ganhar a eleição, parecia que o beneficiado do colapso do governo Dilma seria o PSDB. Após a facada, o nosso povo acabou concordando que havia ali uma razão óbvia para Bolsonaro não ir aos debates. Sem ir debater, ele pôde ficar só na internet e na grande mídia fazendo propaganda pesada contra o PT e fazendo parecer que ele era o anti petista mais contundente".

Em uma entrevista divulgada nessa segunda-feira (21), o governador Camilo Santana (PT) declarou que Ciro Gomes estava errando de estratégia ao atacar o PT. Quando questionado sobre o assunto na entrevista para a Rádio Jornal Caruaru, Ciro esclareceu que Camilo é amigo dele e já conversaram sobre o assunto. "Camilo é um grande governador, um amigo meu. Ele já me falou pessoalmente não o que foi divulgado em manchetes, mas sim a visão dele. Eu discordo dele pelos motivos que já falei", explica.

Ao fim da entrevista, quando questionado sobre disputar as eleições presidenciais em 2022 novamente, Ciro diz ter condições de unir o Brasil novamente: "Só disputarei mais uma vez se entender que é a minha obrigação. Eu fui prefeito, governador. Conheço o Brasil como ninguém e pretendo me manter estudando o assunto. Na minha opinião, tenho condições de unir o Brasil em um projeto que oferece ao povo novamente a confiança no futuro".

Ouça a entrevista: