História

Câncer não é sentença de morte, diz ambulante em tratamento

Ana Maria Barbosa, 47 anos, descobriu câncer de mama há oito meses

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 28/10/2019 às 15:35
Reprodução/TV Jornal Interior
FOTO: Reprodução/TV Jornal Interior

A vendedora ambulante Ana Maria Barbosa, 47 anos, descobriu que estava com câncer de mama há oito meses. Para todo mundo, receber uma notícia como esta é chocante, mas com Ana a situação foi ainda pior: ela estava sozinha no momento. "Quando eu fui receber o resultado eu fui só, porque eu tinha certeza que eu não tinha câncer. E de repente, quando ele [o médico] abre o exame, ele me dá a notícia de que eu estou com câncer. Eu fiquei ali perdida", relembrou.

O tratamento dela está sendo realizado no Centro de Oncologia de Caruaru (Ceoc), com sessões de quimioterapia, e no Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP), no Recife, nas áreas de mastologia e fisioterapia. Para ela, os piores momentos são após a quimioterapia, quando fica fraca, apresenta enjoos e dores de cabeça. Porém, quando os sintomas passam, ela tenta viver uma vida normal.

Mesmo durante o tratamento, continua trabalhando vendendo água, doces e salada de frutas no centro de Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Além disto, vende roupas em um brechó montado por amigos e conhecidos para ajudá-la a custear os procedimentos de saúde. "O trabalho é muito importante, apesar de eu não poder trabalhar todos os dias, principalmente pós-quimio. Você fica muito debilitada, fraca, com muita ânsia de vômito, às vezes vomitando, sem querer se alimentar, então eu me ausento um pouco, de cinco a seis dias. Quando minhas forças começam a retornar, eu volto a trabalhar", relatou.

Apesar do período doloroso pelo qual passa, ela acredita que o câncer deve ser considerado um recomeço, não o fim: "Você quando coloca o lenço, [as pessoas] lhe olham com olhar de pena, olhar de 'coitadinha', e muitas vezes essas pessoas não têm conhecimento sobre o câncer e acham que câncer é uma sentença de morte e não é".

Devota de Nossa Senhora, Ana Maria Barbosa ainda se ancora na fé para poder superar as dificuldades. "O maior medo é da morte, e eu tenho muita vontade de viver. Eu nunca questionei Deus, em momento algum. Se ele me deu, ele sabe porque me deu, para que me deu. Então o meu intuito foi só lutar, ter muita fé, me agarrar nas forças da fé que eu tenho muita para continuar na luta", disse.

Câncer de mama

De acordo com números do Instituto Nacional do Câncer (Inca), quase 60 mil mulheres devem ser diagnosticadas com câncer de mama até o fim de 2019. Este tipo de câncer é o que mais atinge mulheres depois do câncer de pele. Uma das principais formas de identificação da doença é a mamografia; todas as mulheres com mais de 40 anos devem fazer a checagem periodicamente.

"O autoexame pode ser utilizado, mas é muito importante que você faça os exames de rotina, a mulher se está na faixa etária adequada. Porque a chance maior de ter cura é se ele for detectado de forma precoce e para isso você tem que estar dentro de um programa de rastreio, então é importante desmistificar isso", explica a oncologista Débora Porto.