Preconceito

Mulheres com câncer enfrentam problemas no mercado de trabalho

Pesquisa revelou que mais de 27% dos brasileiros não dariam um emprego a quem tem ou teve diagnóstico de câncer de mama

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 30/10/2019 às 17:38
Reprodução/TV Jornal Interior
FOTO: Reprodução/TV Jornal Interior

O tratamento do câncer de mama é complicado, exaustivo e traz uma série de dificuldades. Porém, não é só na saúde que estão os problemas. As pacientes também esbarram no preconceito. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibope em parceria com o Coletivo Pink, mais de 27% dos brasileiros não dariam um emprego a quem tem ou teve diagnóstico de câncer de mama.

O mercado de trabalho foi cruel com a autônoma Iara Núbia. Em 2013, quando descobriu o câncer, trabalhava em uma empresa como merendeira. Após receber o diagnóstico, foi surpreendida com a demissão. "Eles não comunicaram nada, não me indicaram para nada, eles só queriam me colocar na rua. Só perdi meu emprego de 20 anos, que eu me dedicava, e fiquei muito desesperada, não foi fácil, não", relembrou.

Já a professora Sandra Regina, 36 anos, conseguiu ser realocada no trabalho. Antes ela trabalhava como professora do infantil. Porém, por causa das limitações do câncer, precisou mudar de função. Ela passou alguns meses afastada, mas quando voltou teve a compreensão da empresa. "A gente acha que vai ficar inútil, porque a partir do momento que sabe que vai retirar a mama, no meu caso fazer o esvaziamento axilar, sabe que vai ficar com uma limitação, é complicado, porque gera aquele medo, aquela insegurança", contou.

Ainda de acordo com Sandra, a capacidade de adaptação é fundamental neste momento. "Se eu não posso exercer certa tarefa, eu vou procurar exercer outra com toda força, todo desempenho. Aquela tarefa que eu fazia de um jeito, mas agora não, eu agora vou fazer no meu limite. É a gente acreditar que a gente pode", disse.

Auxílio doença

De janeiro a agosto deste ano, foram concedidos 15.941 auxílios doença previdenciário por causa do câncer de mama. Em Caruaru, só no mês passado, 394 receberam o benefício no Agreste e Zona da Mata. "É uma incidência que tem crescido e esse número representa tanto pessoas em auxílio doença como pessoas que são aposentadas por invalidez em decorrência do câncer de mama", explicou a chefe de gestão de pessoas Eva Monteiro.

De acordo com a advogada trabalhista Maria Eduarda, se for constatada a demissão por preconceito, o empregado pode receber indenização. "Até o momento, não há uma lei que garante que o empregado não seja demitido, há um projeto de lei que já passou pelo Senado e agora está na Câmara dos Deputados que se for aprovada, garantirá ao empregado uma estabilidade de um ano, neste período ele não poderá ser demitido sem justa causa", explicou.