Turismo

Brasileiro a viajar o mundo mais rápido receberá título de cidadão caruaruense

Anderson Dias esteve em Caruaru nesta quarta-feira (27)

Antonio Virginio Neto
Antonio Virginio Neto
Publicado em 27/11/2019 às 12:43
Reprodução/NE10 Interior
FOTO: Reprodução/NE10 Interior

Uma frase antiga diz que um bom filho à casa torna. Foi seguindo essa ideia que nesta quarta-feira (27), o Anderson Dias, brasileiro a viajar o mundo mais rápido na história, esteve em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Na ocasião, o empresário recebeu uma homenagem da Prefeitura da cidade e deve também receber o título de cidadão caruaruense, além da medalha "Álvaro Lins de honra ao mérito, após votação do Projeto de Decreto Legislativo nº 137/2019, da Câmara de Vereadores de Caruaru.

Para Anderson, a homenagem foi a coroação de um momento importante em sua vida. "É um prazer estar levando o nome da cidade que me criou e me revelou. Caruaru para mim foi mais que uma casa e estar aqui nesse momento após conseguir realizar o meu sonho está sendo muito importante para mim", explicou. Na placa recebida pelo jovem de 26 anos, a frase "De Caruaru para o mundo" está estampada.

De volta à cidade após um longo período de quase um ano e meio de viagens, exatos 543 dias, Anderson comentou que há uma diferença entre a Caruaru de antes da volta ao mundo e a de depois da volta ao mundo. "A saudade era grande. E hoje vemos Caruaru com muitos prédios, crescendo bastante", destacou.

Caruaru é também a cidade na qual moram os pais de Anderson, que acompanharam de perto e com o coração na mão cada etapa da viagem. Segundo a mãe do jovem, a dona de casa Miriam Dias, os principais seguidores do jovem influenciador digital eram eles. "A gente acompanhava de perto cada passo dele, tentando sempre saber do que tava acontecendo toda hora. Quando ia para um país mais perigoso e ficava sem dar notícias a gente já gelava e tentava falar com os amigos dele para nos acalmarmos", disse.

Já o pai de Anderson, Maurício Bezerra, só descobriu sobre a viagem do filho através da mídia. "Ele me ligou dizendo "compre jornal" e eu perguntava "Mas o que foi?" e ele apenas falava "compre o jornal" quando eu peguei que olhei tava lá "Empresário vende tudo o que tem para viajar o mundo" aí eu fiquei "Meu filho, você tá doido?"", explicou.

O recordista agora quer viajar o Brasil dando palestras de empreendedorismo e falando sobre a sua experiência, mas já prometeu que volta a Caruaru assim que possível.

A viagem

Anderson iniciou a sua jornada na América do Sul, devido a proximidade. E foi pertinho de casa que um dos maiores sustos da jornada aconteceram, na Guiana. "Fui agredido por três homens, à noite. Um deu um soco na minha barriga e o outro me deu um 'mata-leão'. Cheguei a desmaiar e por pouco não morri. Roubaram meu celular e o dinheiro que estava comigo. Mas não pensei em desistir", explicou.

Inabalado, Anderson seguiu viagem e da América do Sul, o jovem passou pela América Central, do Norte e partiu para a Europa. Nessa etapa da viagem, foi na França, que Anderson conseguiu uma das maiores proesas: um convite para o aniversário do atacante do Paris Saint-Germain (PSG), Neymar Júnior. A participação teria acontecido a pedido do cantor Wesley Safadão. Na ocasião, Anderson tirou fotos com diversos jogadores do PSG.

Com o grande sucesso que as fotos do jovem fizeram nas redes sociais, ele começou a ganhar cerca de R$ 40 mil em publicidade. Embora ganhasse bem, Anderson não investia tudo na viagem. “Gastava uns R$ 30 mil e mandava o resto para meus pais”, disse.

Quando Anderson iniciou a viagem, o recorde de volta ao mundo mais rápido pertencia à norte-americana Cassandra De Pecol, que conseguiu realizar o feito em 558 dias. Entretanto, durante a viagem, a americana Taylor Demobreum baixou o recorde para 553 dias. Neste momento, Anderson se viu desafiado. "Aí tive que mudar minha estratégia", explicou.

Seguindo viagem, o jovem conseguiu ainda entrar na Coreia do Norte, na Ásia, um dos países mais fechados do mundo. A aventura passa ainda pelo aluguel de uma AK-47 no Iêmen, na Peníssula da Arábia. “Eles não emitem visto para turista, e me cobraram 100 dólares para emitir meu visto. Quando estava saindo da sala, eles disseram que eu precisava andar com uma arma para me defender. Paguei mais 20 dólares por uma AK-47, carregada. Quando deixei o país, claro, eu a devolvi”, disse.

A emissão de vistos, ainda segundo Anderson, foi um dos seus grandes desafios na jornada. "Fui muito humilhado nas embaixadas. Tomei muito grito. Existe muita corrupção, precisei dar dinheiro e cheguei até a me ajoelhar para conseguir alguns vistos. Na República Democrática do Congo, por exemplo, fui deportado. Fiz uma estratégia de entrar por outra fronteira e paguei US$ 2 mil pela escolta para não sofrer emboscada e garantir a minha segurança dentro do país", aponta.

Em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, Anderson foi tratado como um verdadeiro sheik. “Falta só o dinheiro, porque as roupas e as poses eu já tenho”, brincou, em um post no Instagram.

Ainda na região do oriente médio, Anderson narra um dos grandes choques culturais que ocorreram na viagem. "Lá na arábia, fui comer com a mão esquerda e o cara disse que não podia porque era a mão que a gente limpava a bunda após usar o banheiro com o auxilio de um chuveirinho. Lá, isso é uma falta de respeito. A mão direita é usada para comer e cumprimentar", comenta.

Agora, Anderson quer ser visto como um exemplo. O jovem deseja empreender e pretende compartilhar a sua experiência, viajando os quatro cantos do Brasil, se necessário. Antes, Anderson falava apenas o português. Agora, o jovem fala cinco idiomas (português, inglês, espanhol, russo e francês). Além do conhecimento adquirido na viajem, ele cita também alguns quilinhos a mais. E você, até onde iria para realizar os seus sonhos?