Limpeza

Toneladas de lixo são tiradas diariamente do Rio Ipojuca, em Caruaru

Mau cheiro e a quantidade excessiva de lixo incomodam moradores da cidade

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 09/01/2020 às 19:56
Reprodução/TV Jornal Interior
FOTO: Reprodução/TV Jornal Interior

Lixo, garrafas de plástico e esgoto escorrendo direto para o Rio Ipojuca: este é o cenário visto por milhares de pessoas que passam todos os dias por uma ponte no bairro Nossa Senhora das Dores, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco.

O mau cheiro e a quantidade excessiva de lixo incomodam. Para o vendedor Reginaldo Manuel, que trabalha na área, isto já é comum. "Isso é todo dia, todo dia o cheiro é assim. Nós nem sentimos mais o fedor". A aposentada Quitéria Damiana já não sabe mais o que fazer: "Isso aí é direto, a gente não tem nem a quem apelar".

O Rio Ipojuca é um dos principais do Estado, com 320 quilômetros de extensão. O curso d'água corta 30 quilômetros da área urbana de Caruaru e é considerado o terceiro rio mais poluído do Brasil, com 90% da água sendo esgoto.

Isto prejudica tanto a vida animal quanto a das pessoas que moram perto do rio. "É podre, isso é uma falta de respeito com o ser humano, ter que passar num lugar imundo desses", disse a aposentada Maria Alves.

De acordo com o alergologista Luiz Bandim, quem tem tendência e genética a ter problema alérgico pode ser ainda mais prejudicado pela poluição. "A poluição ambiental piora bastante, irrita mais as vias aéreas, quem não tem problema alérgico pode ter a inflamação e quem tem vai ter mais dificuldade para tratar esse problema alérgico, para melhorar", explicou.

Hoje no Rio Ipojuca existe pouca vida animal, apenas os cágados conseguem sobreviver na água suja, já que respiram fora da água. "Se você pensar em peixes, outros organismos aquáticos, realmente a manutenção deles em um ambiente com tão baixa quantidade de oxigênio, com elevado nível de poluição é muito complicado, quando não, em alguns casos, até impossível", disse o biólogo Raul Fonseca.

Todos os anos no período de estiagem, toneladas de lixo são retiradas do Rio Ipojuca só na Capital do Agreste. Em 2019, 20 toneladas por dia foram tiradas do Rio Ipojuca, o que corresponde a 450 toneladas por mês. Para o secretário de Serviços Públicos, Ytalo Farias, um dos grandes problemas vivenciados na limpeza e manutenção do rio é o acúmulo de lixo e entulho por parte da população: "A Operação Verão é realizada para este combate inicial e preventivo de inundações e enchentes e no combate às muriçocas".