Economia

Seca dificulta atividade da bacia leiteira de Pernambuco

Produtores de leite estão sofrendo com os altos custos

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 30/01/2020 às 17:51
Reprodução/TV Jornal Interior
FOTO: Reprodução/TV Jornal Interior

As chuvas que caíram no ano passado no Agreste Meridional e Setentrional de Pernambuco não foram suficientes para encher açudes e barragens e fazer com que o pasto nascesse, afetando diretamente a produção da bacia leiteira. Principal atividade da região, a produção de leite está concentrada em 27 municípios, com mais de 106 mil produtores.

As vacas leiteiras se alimentam de concentrado (farelo de milho e soja) e de volumoso (palma, bagaço de cana e silagem de milho). Porém, o saco de 40 quilos do farelo de milho subiu de R$ 32 para R$ 50. Já o de farelo de soja aumentou de R$ 67 para R$ 90.

A falta do alimento natural faz com que os produtores precisem comprar o concentrado mais caro. Eles acabam precisando destinar para a alimentação do rebanho os recursos que seriam usados para pagar os trabalhadores e melhorar geneticamente o gado.

Produtor de Bom Conselho, Sílvio Célio percebe que os custos estão ficando inviáveis: "Quando a gente termina de fazer as contas que vai ver, não sobra o dinheiro da feira da gente. É uma atividade que está ficando difícil demais de permanecer".

Mesmo com o aumento do preço dos insumos e a necessidade de comprar água para os animais, o valor do leite continua o mesmo. Como consequência, o desempenho da produção diminuiu na região. Atualmente, são produzidos cerca de 2 milhões de litros de leite por dia. Há sete anos, a produção era de quase 2,37 milhões, ou seja, houve queda de quase 400 mil litros de leite diários. O rebanho também caiu de 2.393.886 em 2012 para 1.899.604 no ano passado.

A situação fez com que o movimento SOS Produtores de Leite elaborasse um documento, que deverá ser entregue na próxima semana ao governador do Estado, Paulo Câmara (PSB). Os produtores irão listar a situação crítica e pedir providências.

O diretor do Sindicato dos Produtores de Leite de Pernambuco (Sinproleite-PE), Washington Azevedo, lamenta que muitos produtores estejam deixando a atividade por causa das dificuldades. "Nós estamos elaborando um documento para fazer com que o Governo do Estado interceda junto ao Governo Federal para isentar o frete do farelo de milho, para ver se a gente baixa esse valor desse insumo, que corresponde a 60, 70% da dieta da vaca, e também discutir com os produtores quais políticas públicas podem melhorar a atividade leiteira", explicou.

O Agreste é a região de maior déficit hídrico do Estado; os solos são pobres de água e não possuem um rio como o São Francisco. Além disto, os maiores reservatórios de água estão secos. Mesmo com todas as adversidades, os produtores de leite mantém a produtividade acima da média nacional, ocupando o segundo lugar na produção de leite do Nordeste e o oitavo no Brasil.