Economia

Comércio de Petrolina amanhece fechado; cidade enfrenta nova quarentena

Sindloja do município diz que foi pego de surpresa pela decisão do prefeito

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 13/07/2020 às 12:29
Rádio Jornal Petrolina
FOTO: Rádio Jornal Petrolina

O presidente do Sindicato dos Lojistas (Sindloja) de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, Joaquim de Castro, criticou a atitude do prefeito Miguel Coelho ao adotar novamente uma quarentena proibindo o funcionamento do comércio e outras atividades sem discutir com o setor produtivo. A partir desta segunda-feira (13), o município recua no processo de reabertura, e passa 14 dias apenas com serviços essenciais funcionando.

Ele alega que soube da nova quarentena através da imprensa. "Fomos pegos de surpresa com essa decisão do prefeito em fechar as atividades não essenciais. Nós passamos o primeiro período, de março a junho, fechados. As empresas se adaptaram a essa nova realidade, 99% delas cumpriu e está cumprindo. A empresa obedecendo as normas não é fator de transmissão do vírus", argumentou, em entrevista à Rádio Jornal Petrolina.

Petrolina volta atrás e fecha atividades econômicas por 14 dias

Veja o que pode funcionar no Sertão de Pernambuco a partir desta segunda

Pelo plano de reabertura do governo estadual, Petrolina faz parte das cidades que estão na quarta etapa, com autorização para reabrir vários setores. A decisão de fechar novamente foi tomada pelo município, que tem autonomia para tal.

A gestão municipal afirma que o Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus identificou uma tendência de crescimento de contágio na cidade, assim como de casos confirmados e na ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "Nos últimos 30 dias, o número de mortes triplicou em Petrolina, a gente saiu de 11 mortes no dia 10 de junho para 35 no boletim de hoje (sexta-feira). A nossa luta é para que a gente continua segurando esses números no menor possível", disse o prefeito Miguel Coelho, no anúncio da quarentena.

Segundo a prefeitura, o objetivo de retornar à quarentena é "evitar a chegada de um nível crítico para o quadro geral epidemiológico relacionado a pacientes com covid-19 na cidade". De acordo com o último boletim, divulgado nesse domingo (12) pela Secretaria de Saúde, o município tem 1.501 casos do novo coronavírus, com 36 óbitos.

O representante do Sindloja afirma que o comércio sofrerá grandes prejuízos por causa do novo fechamento. "O decreto [federal] que permitia a suspensão do contrato de trabalho está vencido. Agora a empresa ou paga tudo com o funcionário em casa, ou demite. Férias, acredito que todas as empresas já deram aos funcionários. É uma situação realmente complicada", lamentou.

Um comitê formado por 22 entidades vinculadas ao setor produtivo da economia local acredita que o poder público falha no processo de conscientização ao não exercer o poder de polícia de forma adequada. Para Joaquim de Castro, é preciso fazer uma campanha educativa maciça para reforçar as medidas de prevenção contra o novo coronavírus. Para ele, o transporte coletivo, as feiras livres e a orla provocam mais aglomerações do que o funcionamento das lojas. Ele sugere que a prefeitura poderia ter adotado uma escala de horário de reabertura das empresas.

Ouça a entrevista completa: 

O que pode funcionar?

O decreto municipal que institui a quarentena de 14 dias em Petrolina proíbe o funcionamento do comércio, shoppings, feiras livres, parques e serviços públicos. Para evitar a circulação de pessoas na Orla de Petrolina, foram instaladas telas de proteção no calçadão e na Porta do Rio. O Parque Municipal Josepha Coelho e outros equipamentos públicos destinados à prática de atividades físicas também estão interditados durante o período. Equipes de fiscalização irão atuar para garantir o cumprimento.

Também voltam a fechar barbearias, salões de beleza e estética, concessionárias de veículos, escritórios de advocacia, contabilidade e outros segmentos. As reuniões religiosas, como missas e cultos, também estão barradas neste período.

O transporte coletivo opera de forma reduzida durante as duas semanas. De acordo com a Autarquia Municipal de Mobilidade (Ammpla), a alteração será feita por causa da diminuição da circulação de pessoas. Também segue suspensa a atividade dos mototáxis. O transporte complementar de passageiros está autorizado a funcionar em caráter excepcional. O transporte regular de passageiros, restrito a servidores públicos e funcionários de indústrias ou atividades essenciais está autorizado a funcionar com 50% da frota.

A prefeitura informou que uma nova reunião será realizada ao fim do prazo, em 26 de julho, para reavaliar a situação. A partir do quadro epidemiológico, um parecer será emitido para embasar o cronograma de retomada das atividades.

O descumprimento das medidas pode ser denunciado por meio da Central de Atendimentos do Sistema de Segurança Pública Municipal, nos telefones 153 ou (87) 98106-7310 (WhatsApp).