Levantamento

Mortalidade infantil pode aumentar devido à covid-19, alerta OMS

Interrupções nos exames de saúde para crianças e nos serviços de imunização ocorreram em 68% de 77 países pesquisados

Pedro Augusto
Pedro Augusto
Publicado em 09/09/2020 às 14:25
Agência Brasil
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Estatísticas divulgadas pela ONU, nesta quarta-feira (09), reforçaram o alerta da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre o possível aumento dos casos de mortalidade infantil no mundo, devido a carência de atendimento médico por causa da pandemia da covid-19.

De acordo com o levantamento da organização, o número de crianças com menos de cinco anos mortas em 2019 atingiu um mínimo histórico em termos absolutos, de 5,2 milhões. Em 1990, foram 12,5 milhões.

Mas vários serviços de saúde que permitiram esse avanço foram afetados pela Covid-19, adverte a OMS e o Unicef (agência da ONU para a infância). Interrupções nos exames de saúde para crianças e nos serviços de imunização ocorreram em 68% de 77 países pesquisados nos últimos meses pelo Unicef.

De acordo com a diretora-executiva da agência ONU, Henrietta Fore, caso exames de saúde, vacinações e cuidados pré-natais e pós-natais não forem reativados, milhões de crianças podem morrer, "especialmente recém-nascidos".

"Quando as crianças não têm acesso aos serviços de saúde porque o sistema está sobrecarregado e as mulheres não dão à luz no hospital por medo de infecção, elas também podem se tornar vítimas da Covid-19", acrescentou Fore.

Na pesquisa do Unicef, 63% dos países sofreram interrupções em exames pré-natais, essenciais para reduzir riscos de mortalidade. Mulheres que realizam partos de acordo com os padrões internacionais têm 16% menos probabilidade de perder seu bebê e 24% menos probabilidade de ter parto prematuro, de acordo com a OMS. Com o avanço da pandemia, a mortalidade infantil pode aumentar devido à covid-19.

Mais afetados

Dentre os países mais atingidos pela redução nos atendimentos de saúde voltados para crianças estão: Afeganistão, Bolívia, Camarões, República Centro-Africana, Líbia, Madagascar, Paquistão, Sudão e Iêmen estão entre os países mais atingidos. Desses 9 países, 7 tiveram altas taxas de mortalidade infantil, de mais de 50 mortes por 1.000 nascidos vivos entre crianças menores de cinco anos em 2019.