Investigação

Laranja teria movimentado mais de R$ 5 milhões para grupo que desviava recursos em Agrestina, diz PF

Prefeito e vice-prefeito foram presos durante operação

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 10/09/2020 às 15:36
Reprodução/TV Jornal Interior
FOTO: Reprodução/TV Jornal Interior

A Polícia Federal estima que cerca de R$ 5 milhões foram movimentados na conta de um "laranja" membro da organização criminosa que estaria desviando recursos públicos da Prefeitura de Agrestina, no Agreste de Pernambuco. A operação Pescaria III, deflagrada nesta quinta-feira (10), prendeu o prefeito Thiago Nunes (MDB), o vice-prefeito Zito da Barra (PSDB), um funcionário da prefeitura e dois empresários.

Durante a operação, que cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, 13 mandados de busca e apreensão, além de mandados de afastamento de funções públicas. Houve ainda o cumprimento de mandados de afastamento de sigilos bancário e fiscal dos investigados.

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Foram apreendidos R$ 110 mil em espécie e R$ 100 mil em cheques, além de vários veículos, entre eles uma BMW avaliada em R$ 400 mil. Segundo a Polícia Federal, estão sendo investigados os crimes de de organização criminosa, peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

De acordo com o delegado Márcio Tenório, as empresas investigadas ou não existiam ou eram de fachada, e as obras contratadas pela prefeitura eram executadas por terceiros sem qualificação. "São desvios de recursos que deveriam estar sendo utilizados em saúde, educação, assistência social e que infelizmente vão parar no bolso de corruptos", lamentou o delegado.

A ação contou com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU). "A gente espera contribuir para que Agrestina passe a ter uma paz social, uma destinação de recursos visando o objetivo desses recursos, que eram da área de saúde, educação, assistência social, lá tem uma população carente que precisa", destacou o superintendente da CGU, Fábio Araújo.

Repercussão

Na cidade, a movimentação foi intensa nos pontos de cumprimento de mandados. Integrantes da oposição ao prefeito chegaram a soltar fogos de artifício ao tomarem conhecimento das prisões.

A população em geral lamenta mais um escândalo envolvendo a prefeitura, que deveria prestar um serviço de qualidade aos moradores. "Acho que já está na terceira operação da Polícia Federal aqui no nosso município. Não é para acontecer isso. O dinheiro público tem que ser usado com carinho, tantas pessoas aqui na cidade precisam", lamentou o agente socioeducativo Walter Lins.

Tanto em Agrestina como em Caruaru, onde fica a sede da Delegacia da PF, a imprensa foi alvo de intimidações por parte de simpatizantes do prefeito. Cinegrafistas da TV Jornal Interior foram empurrados e as equipes sofreram agressões verbais.

Thiago Nunes e Zito da Barra tinham sido afastados dos cargos após cassação da chapa por abuso de poder político. Após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), eles reassumiram no mês de julho.

A Prefeitura de Agrestina não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.