Saúde

Cerca de 80% dos médicos reprovam atuação do Ministério da Saúde na pandemia, diz pesquisa

Outro estudo indica que sob o comando de Luiz Henrique Mandetta a aprovação era de 72%.

Laís Milena
Laís Milena
Publicado em 02/02/2021 às 15:37
Agência Brasil
FOTO: Agência Brasil

Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (2) pela Associação Médica Brasileira (AMB), indica que 78,5% dos médicos entrevistados desaprovam a atuação do Ministério da Saúde, sob gestão do Ministro Eduardo Pazuello. Foram ouvidos 3.882 médicos de todas as regiões do país, por meio de questionário online.

Em abril de 2020, com o Ministério sob o comando de Luiz Henrique Mandetta, uma pesquisa  da Associação Paulista de Medicina (APM) mostra que a aprovação era de 72%.

Mais de um quarto dos médicos entrevistados ainda acredita que a cloroquina e a ivermectina são medicamentos eficazes para os sintomas iniciais da Covid-19. E 15% apostam na ivermectina, um vermífugo, como prevenção. Inúmeros estudos científicos já demonstraram que eles não funcionam para prevenir ou tratar a Covid-19. 

Entre os entrevistados, 13,8% dos médicos considerarem o corticoide dexametasona como opção terapêutica também nos sintomas iniciais da doença. Outros 8,8% citaram os anticoagulantes (como a heparina). Ambos só são indicados em quadros mais graves da Covid, quando há comprometimento pulmonar igual ou superior a 50%, que exigem internação.

Falta de profissionais e materiais

A maioria dos médicos entrevistados, 64%, relata deficiências de pessoal, protocolos e equipamentos nos serviços de saúde onde atuam. Um terço dos entrevistados (32,5%) reclama de falta de profissionais (médicos, enfermeiros entre outros), 27,2% de ausência de diretrizes e protocolos de atendimento e 20,3%, falta de leitos regulares e/ou de UTI.

Já a escassez de máscaras, luvas, aventais, óculos, proteção facial, álcool em gel e/ou outros materiais básicos ainda é problema para 16,7% dos profissionais. Cerca de 16% se queixam da falta de testes de diagnóstico para confirmar a Covid-19 nos pacientes que buscam atendimento. Outros 13% dizem que só há testes disponíveis para doentes que manifestarem sintomas graves da doença.

Oito em cada dez entrevistados relatam que as UTIs estão mais lotadas e 17,7% apontam que isso já compromete a qualidade da assistência. Na região Norte, 21,3% têm essa percepção, e, no Amazonas, 54,5%. Nesse momento da pandemia, seis em cada dez profissionais apontam estresse e ansiedade no ambiente de trabalho. Um quarto deles já foi infectado pelo coronavírus.

Um estudo da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), com 999 profissionais de UTI, mostrou que cerca de metade dos médicos e enfermeiros do Norte e do Nordeste relatam escassez de profissionais e, como consequência, maior sobrecarga para quem está na linha de frente.

* Com informações da Folha de S.Paulo