economia

Bolsa Família: pesquisa diz que taxar ricos para financiar programa elevaria PIB em 2,4%

O estudo realizado pela USP redistribuir renda pode ajudar na recuperação econômica do país.

NE10 Interior
NE10 Interior
Publicado em 15/02/2021 às 16:56
Divulgação/PF
FOTO: Divulgação/PF

Uma pesquisa realizada pelo Made-USP (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo) mostra que aumentar a tributação de impostos dos mais ricos para transferir a renda para os mais pobres pode contribuir com a recuperação econômica do país.

De acordo com os resultados apresentados, uma política de proteção social, como o Bolsa Família, financiada a partir da tributação do 1% mais rico, que garanta a transferência de R$ 125 por mês para os 30% mais pobres, pode ter um impacto positivo de 2,4% no PIB (Produto Interno Bruto).

A professora de economia, administração e contabilidade, Laura Carvalho, destaca que a redução da desigualdade tem benefícios que vão além da igualdade de renda. "Então existem outros objetivos para reduzir a desigualdade, que não o crescimento econômico. Mas, muitas vezes, parece que no debate há um dilema entre crescer ou distribuir", destaca a professora que é uma das autoras da pesquisa.

Consumo e gastos

Na pesquisa, a professora aponta que foram analisados diferentes tipos de programas de redistribuição e os efeitos que os programas podem ter sobre o PIB e a geração de renda na economia. "Existe um princípio na macroeconomia que é a ideia do 'multiplicador do orçamento equilibrado'", explica.

Esse multiplicador do orçamento prevê que a tranferência de renda do topo para a base pode ocasionar um impacto positivo de crescimento econômico. Isso porque quem está na base tem uma propensão maior em fazer gastos enquanto quem está no topo tende a poupar sua renda. Sendo assim, não haveria impacto econômico para estas pessoas.

De acordo com os dados apresentados pelo IBGE de 2017-2018, os pesquisadores destacaram que, enquanto os 10% mais pobres gastam 87% da sua renda em consumo, esse valor cai para 24% entre os que compõem o 1% mais rico.