A realidade da vacinação contra a Covid-19 no Brasil é marcada por atrasos na entregas dos imunizantes, casos de 'fura fila' e lentidão na aplicação. O governo federal já contabiliza mais de 500 milhões de doses, quantidade mais que suficiente para imunizar toda a população brasileira. No entanto, a demora do governo em comprar as vacinas acaba deixando uma dúvida sobre quando cada um vai ser de fato vacinado.
Um estudo recente da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) apontou que que Brasil precisa vacinar 2 milhões de pessoas por dia para controlar a pandemia em até um ano. Especialistas apontam que o país teria capacidade para imunizar mais de 1 milhão de pessoas por dia, como fez na pandemia de H1N1 em 2009.
A partir das informações atuais, a BBC News Brasil traça a seguir três cenários para o período de vacinação previsto para diferentes grupos da população brasileira. Vale ressaltar que tudo pode mudar, a depender da quantidade real de doses disponíveis para serem aplicadas.
Quando cada grupo será vacinado?
A tendência, até o momento, é que o início da vacinação dos adultos não prioritários deva acontecer pelo menos em meados do segundo semestre de 2021, enquanto a de jovens com menos de 25 anos deve acontecer só em 2022. A situação dos menores de idade é ainda mais incerta.
O plano de imunização brasileiro contra a Covid-19 dividiu a população adulta em prioritários e não prioritários. O grupo prioritário é subdividido em 29 categorias, entre elas idosos, adultos com comorbidades, profissionais de saúde, pessoas em situação de rua, presos, trabalhadores da educação, agentes de segurança, motoristas de ônibus e caminhoneiros.
Essas pessoas somam 77,3 milhões. Logo, para vacinar esse grupo inteiro, seriam necessárias 154 milhões de doses. Considerando as vacinas já aprovadas pela Anvisa, esse montante estaria disponível até junho deste ano, se não houver atrasos na entrega, fabricação ou distribuição.
Por outro lado, o Brasil tem mantido um ritmo de vacinação que corresponde a metade das doses distribuídas. Ou seja, aplicou até agora 14 milhões das 30 milhões enviadas para estados e municípios, pois parte das doses ficam reservadas para a segunda dose, de reforço. A cada 10 doses aplicadas atualmente, 8 são da Coronavac.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de habitantes com idades de 18 a 59 anos no país totaliza 125 milhões de pessoas. Cerca de 40 milhões delas estão no grupo prioritário. Ainda não está claro como transcorreria a vacinação para esse grupo, mas ela deve seguir os mesmos moldes atuais.
As pessoas seriam divididas também em faixas etárias e imunizadas em ordem decrescente, com os jovens em torno de 18 anos por último. No segundo semestre de 2021, com mais opções e doses disponíveis, além da fabricação 100% nacional da AstraZeneca-Oxford pela Fiocruz, a tendência seria superar com folga a marca de 1 milhão de vacinados por dia. Vale lembrar que na pandemia de H1N1, em 2009, o Brasil levou quase três meses para vacinar 80 milhões de pessoas.
Menores de idade
Além dos quase 85 milhões de adultos não prioritários, devem ser vacinados também os menores de idade, que somam cerca de 48 milhões, segundo o IBGE. Atualmente, eles não estão listados entre aqueles que receberão a vacina.
Mas há estudos em andamento no país com vacinas para menores de idade, e os resultados têm sido promissores. Dado o ritmo de vacinação do país, é provável que os imunizantes sejam aprovados para essas faixas etárias até chegar a vez deles na fila da vacinação, a princípio no primeiro semestre de 2022.