Tristeza

"Foi muito bom viver", diz idoso antes de ser intubado com Covid-19 em Pernambuco

O quadro de saúde do homem de 75 anos era grave, ele não resistiu e morreu dentro de 24 horas.

Laís Milena
Laís Milena
Publicado em 03/04/2021 às 15:51
Bobby Fabisak/JC Imagem
FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem

"Foi muito bom viver", foram as últimas palavras ouvidas pelo médico intensivista Artur Milach antes de intubar um idoso de 75 anos, no Recife, em Pernambuco. A frase o fez chorar pela primeira vez em muito tempo durante a pandemia. Depois de um ano, durante a segunda onda da doença e o pior momento no país, os pacientes estão chegando cada vez mais graves.

Idoso e com muitas comorbidades, o senhor pediu para falar com a família antes de ser intubado. Ele disse aos familiares que os amava, agradeceu ao médico pelos cuidados e se preparou para o procedimento. 

"Quando eu vou intubar um paciente, eu fico perto da cabeça e vou conversando com ele. Nesse momento, ele pegou na minha mão disse: 'Foi muito bom viver, obrigado'. Eu nunca tinha escutado isso, de nenhum paciente. De falar numa serenidade", lembra.

"Ele sabia da gravidade do caso dele, isso me tocou profundamente. Quando ele olhou para mim, ele podia ter chorado, esperneado, mas ele sorriu e disse que foi muito bom viver." 

O quadro do idoso era grave e ele morreu dentro de 24 horas. "Foi muito duro. Fazia tempo que eu não chorava na pandemia. Esse dia eu chorei bastante quando cheguei no carro. Esse paciente eu levei a semana inteira comigo, isso me fez ressignificar inclusive a minha força pra trabalhar."

Casos de Covid-19 em Pernambuco

Atualmente Pernambuco tem mais de 90% dos seus leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid-19 ocupados, tanto na rede pública quanto na rede privada. Somente na rede pública esse número está em 96% e a abertura de novos leitos não ajudou a aliviar essa pressão.

O estado já registra mais de 12 mil mortos pela doença e ultrapassou os 350 mil casos confirmados. Desde o dia 9 de março, Pernambuco apresenta tendência contínua de aceleração na média móvel de mortes, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa.

* Com informações do Portal UOL