Entrevista

Entenda o que é o movimento da Luta Antimanicomial

Médica falou sobre a a importância do movimento e a Lei da Reforma Psiquiátrica

Samara Pontes
Samara Pontes
Publicado em 17/05/2021 às 14:56
Reprodução/Rádio Jornal/Facebook
FOTO: Reprodução/Rádio Jornal/Facebook

No próximo dia 18 de maio o Brasil vivencia o Dia da Luta Antimanicomial, e no programa Consultório dessa sexta-feira (14), Samara Pontes conversou com a psiquiatra Nathália Caroline. A médica falou sobre a importância do movimento e a Lei da Reforma Psiquiátrica.

O movimento da Luta Antimanicomial se caracteriza pela luta dos direitos das pessoas com transtornos mentais, especialmente aquelas que foram isoladas durante anos dentro de instituições de longa permanência, como os manicômios. “Durante muito tempo se acreditou que isolar essas pessoas era a forma mais correta de tratamento, quando na verdade só piorava o sofrimento mental. A cultura dizia que quanto mais fora do padrão de comportamento mais essas pessoas estavam propensas a serem afastadas do convívio social. Isolar o diferente era mais ´fácil´ do que buscar melhores formas de intervenção”, explica a profissional.

Os manicômios tinham a característica de isolar o paciente, aprisionar de forma compulsória. Em diversos casos no país, situações de maus-tratos e negligência com a saúde desses indivíduos era constante. “Na nossa história, diversos relatos apontam e comprovam a forma de isolamento de pessoas. Um episódio que marcou bastante foi o ‘Holocausto brasileiro’, quando mais de 60 mil pessoas perderam a vida no Hospital de Barbacena em Minas Gerais. Não precisava ser ‘louco’. Ali, durante muito tempo, as pessoas eram jogadas sem nenhum critério de avaliação”, explana.

A Lei da Reforma Psiquiátrica (nº 10.216/2001) veio para proteger os direitos das pessoas com doenças mentais e estabelece a responsabilidade do Estado em proporcionar políticas públicas mais eficazes, como o fechamento de hospitais psiquiátricos e a abertura de outros serviços. “Hoje nós contamos com diversos tipos de Caps e existem também as residências terapêuticas. A Lei é muito importante para todos, mas precisa ser bem aplicada. Infelizmente em vários locais do país, ainda vemos a deficiência em proporcionar esse tipo de serviço”, pontua a especialista.

Pessoas em sofrimento mental devem ser acolhidas e bem tratadas. Existem diversas formas de intervenção, mas o isolamento e o afastamento do convívio familiar só provaram o quanto esse modelo pode ser cruel e devastador. Outros detalhes abordados na entrevista podem ser conferidos no Facebook Rádio Jornal Garanhuns.

Veja a entrevista: