Você deve conhecer alguém que se chama João, Antônio, Pedro, ou algumas combinações com esses nomes que são bem comuns em algumas regiões do Brasil. Esses nomes, representam pessoas que foram e ainda são muito importantes para a cultura cristã do país, principalmente durante o mês de junho, no qual é celebrado o dia de alguns santos juninos como São João, São Pedro e Santo Antônio.
No entanto, essa prática, deixou de ser comum a alguns anos, segundo a Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR). O NE10 Interior conversou com a presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais de Pernambuco (Arpen-PE), e com o historiador Urbano para falar sobre o costume.
De acordo com o historiador Urbano a prática começou com a chegada dos portugueses ao Brasil em 1500. Com a colonização, o povo português trouxe tradições católicas da Europa, entre elas o hábito de colocar de batizar os filhos com nomes de santos católicos. "Esses fatos explicam a tradição das famílias batizarem seus filhos com nomes dos santos católicos, e até às filhas, como Joana e Antônia, principalmente nascidos durante o mês de Junho", disse o historiador.
Além dessa tradição, os nomes e palavras foram se modificando com o decorrer do tempo. Por exemplo, a palavra junina é uma derivação da palavra João, e o nome Batista, é uma derivação da palavra batizar. "Originalmente, a festa era Joanina, em homenagem a João, o Batista (por ter batizado o primo, Jesus). Junina é uma palavra alterada do original personagem dos evangelhos. Além disso, Batista não era o sobrenome de João, mas sim uma alusão derivada de batizar", contou o professor.
Seguindo a mesmas tradições dos colonizadores, o povo brasileiro aderiu o hábito, principalmente em cidades do interior com muitos devotos dos santos. Segundo Anita Cavalcanti, presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais de Pernambuco (Arpen-PE), os nomes de santos eram muito utilizados nessas localidades.
"Os nomes João, Antônio e Pedro, já foram bastante comuns, principalmente em cidades interioranas, onde as pessoas eram devotas dos Santos. João e Pedro são nomes citados na bíblia, por conta disso as pessoas mais religiosas colocavam em seus filhos", explicou.
Esse costume ainda existe?
Apesar desse costume existir há muito tempo, atualmente as coisas estão diferentes. Anita explica que a modernização foi um dos responsáveis pela mudança nas tradições. "Era algo comum, mas acredito que com a globalização e o fácil acesso aos meios de comunicação e redes sociais, novos nomes passaram a ser usados.
Um levantamento da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR) mostrou que nos últimos três anos (2018 a 2020) o nome João e Maria continuam sendo muito utilizado em todo o país. Os dois remetem ao São João e a Virgem Maria (mãe de Jesus Cristo). No entanto, novos nomes começam a surgir como Enzo.
Confira os nomes mais registrados no Brasil
2018 – João Miguel, Maria Clara, Maria Alice
2019 – João Miguel, Maria Cecília, Enzo Gabriel
2020 – Enzo Gabriel, Miguel, Arthur
Quais os nomes mais registrados em Pernambuco?
Em Pernambuco a tradição de batizar crianças nascidas em junho com os nomes de santos, também se modificou. Ainda de acordo com Associação dos Registradores de Pessoas Naturais de Pernambuco (Apen-PE), em junho de 2020, João Miguel foi um dos nomes mais registrados. No entanto, ele foi o único nome que remete a um santo. Em contrapartida, o nome Maria, ocupa as sete primeiras posições de nomes mais registrados.
Confira a lista de nomes mais registrados no mês de junho em PE
Enzo Gabriel
Miguel
Arthur
Joao Miguel
Heitor
Davi
Samuel
Bernardo
Pedro Henrique
Theo
Maria Alice
Maria Julia
Maria Cecilia
Maria Clara
Maria Helena
Maria Luiza
Maria Heloisa
Helena
Ana Julia
Laura