Igreja

Diocese de Caruaru é denunciada à Justiça por filho de Padre Bianchi, que pede R$ 2 milhões por danos morais

Caso também foi denunciado ao Vaticano. O sacerdote morreu de Covid-19 em maio de 2021

Bruna Padilha
Bruna Padilha
Publicado em 06/01/2022 às 19:25 | Atualizado em 07/01/2022 às 6:16
Notícia
Reprodução/Arquivo Pessoal
Morre padre Bianchi Xavier, da Diocese de Caruaru, aos 69 anos - FOTO: Reprodução/Arquivo Pessoal

A Diocese de Caruaru está sendo denunciada ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e ao Vaticano por Emanuel Gaspar Araújo da Silva, de 23 anos, que se diz filho de Manoel Francisco Xavier, conhecido como Padre Bianchi. A motivação é de danos morais devido à morte do genitor, vítima de Covid-19, e o autor solicita R$ 2 milhões de indenização.

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Na ação, o autor requer uma indenização em nome do Pe. Bianchi pelos danos morais sofridos pelo mesmo, em que alega ser filho do falecido, no qual incluiu a sua documentação de Certidão de Nascimento, possuindo o nome do padre na filiação.

Os advogados do autor afirmam que a honra de Bianchi foi humilhada por aqueles que fazem parte da Igreja Católica em Caruaru, que teriam agido de “modo orquestrado para destroçar a alma deste finado sacerdote” e do filho.

Reprodução/Processo Judicial Eletrônico
Certidão de nascimento de Emanuel com o nome do Padre Bianchi - Reprodução/Processo Judicial Eletrônico

No processo enviado ao TJPE e na denúncia ao Vaticano, a ação está sendo movida contra o atual Bispo de Caruaru, José Ruy Gonçalves Lopes (Dom José), o sacerdote anterior, Bernardino Marchió (Dom Dino), os padres José Adjaclécio da Silva (Pe. Adjaclécio), Luiz Antônio da Silva Filho (Pe. Luiz Antônio), Renan Sebastião da Silva (Pe. Renan) e o Ekiro Cezar Ramos Gomes Pontes (Dr. Eriko).

Emanuel é fruto do relacionamento de Pe. Bianchi e Catarina Bezerra de Araújo, que trabalharam juntos na Paróquia de Santa Cruz, nos anos 90. No momento, o jovem mora em Campina Grande, na Paraíba.

De acordo com o filho, o Padre sempre esteve presente na sua vida, sem deixar que ele passasse necessidades, o que teria acontecido após a morte do genitor. Após o falecimento, Emanuel chegou a tentar contato com a última Paróquia que o pai era pároco, para tentar acesso ao quarto do pai, mas não foi bem sucedido.

Reprodução/Processo Judicial Eletrônico
Padre Bianchi e Emanuel - Reprodução/Processo Judicial Eletrônico
Reprodução/Processo Judicial Eletrônico
Padre Bianchi, Catarina e Emanuel - Reprodução/Processo Judicial Eletrônico

Emanuel afirmou que tentou contato com a diocese e em julho do ano passado recebeu uma ligação do advogado da Diocese de Caruaru informando que todos os pedidos de ajuda para ele e para a mãe foram indeferidos.

O último contato de Emanuel com o padre foi em 5 de maio, no hospital, enquanto ele lutava contra a Covid-19. Ele afirma que apenas descobriu o falecimento do pai pela internet, mesmo que todos da igreja soubessem quem ele era.

O autor está sendo assistido pelo Projeto Cicatrizes da Fé, que tem o objetivo de denunciar qualquer tipo de abuso cometido por padres e/ou religiosos(a)s vinculados à Igreja Católica.

Os advogados apontam que nos últimos anos Emanuel e o Padre Bianchi estariam sofrendo perseguições e retaliações dos bispos que estiveram na Diocese de Caruaru.

Posicionamentos

O NE10 Interior, procurou a Diocese de Caruaru e recebeu uma nota informando que “a Diocese não se pronuncia sobre temas do setor jurídico da Instituição”.

Emanuel retornou as mensagens do portal, mas por temer a segurança da família informou que apenas o advogado iria responder à reportagem. A equipe também está tentando contato com o advogado, Guilherme Dudus, para maiores esclarecimentos, mas não fomos respondidos e atendidos.

Morte do Padre Bianchi

No dia 12 de maio de 2021, o Padre Bianchi Xavier, da Diocese de Caruaru, morreu devido a Covid-19. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Unimed. A princípio os médicos acreditaram que fosse um quadro de pneumonia, mas depois de exames saiu o diagnóstico do coronavírus.

Ele administrava na época a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, no bairro Boa Vista, com mais de 37 anos de sacerdócio. Em nota a Diocese informou o falecimento: "Completou sua missão aqui na terra, mas permaneceu firme na fé. Rezemos por este sacerdote tão amado por todos, que comunicava com alegria a Palavra de Deus. Agora comunica a fé na ressurreição para nós", diz parte da nota.

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