Uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, do último domingo (25), preocupou pais de todo o Brasil, após denunciar que o aplicativo Discord tem sido usado por criminosos para violentar mental e sexualmente garotas de vários estados.
O QUE É O DISCORD?
O Discord é uma plataforma usada para conversas virtuais e é muito popular entre os jovens. No aplicativo, é possível reunir várias pessoas para conversar ao vivo, usando webcam para transmitir as imagens, e compartilhar conteúdos - inclusive de cunho sexual.
REPORTAGEM DO FANTÁSTICO MOSTROU O QUÊ?
A reportagem do Fantástico mostrou que a Polícia Federal conseguiu localizar nos últimos dias pelo menos quatro homens, com idades por volta dos 20 anos, que enganavam meninas adolescentes e as chantageavam.
Algumas das vítimas chegaram a ser estupradas pelos bandidos. Outras se automutilaram com os apelidos dos criminosos.
Uma das cenas de violência virtual foi gravada. No episódio, um criminoso chamado Izaquiel Tomé dos Santos, conhecido como Dexter, dá ordens para uma adolescente dizendo:
“Ajoelha, se prostra para mim, eu sou a p*** de um deus para você agora. Você é uma vagabunda que merece sofrer mesmo”. Ele está preso.
COMO AGEM OS CRIMINOSOS?
Por meio do Discord, os bandidos convencem as vítimas a enviarem fotos eróticas (conhecidas popularmente como "nudes") e, depois, dizem que vão divulgar as imagens, se as garotas não os obedecerem.
Uma das vítimas apresentadas na reportagem do Fantástico é uma menina de 13 anos, moradora de Joinville, em Santa Catarina. Ela foi convencida a entrar em um carro de aplicativo e viajar mais de 500km até São Paulo.
Na capital paulista, ficou em uma casa, na companhia de outros adolescentes que também fugiram de casa. No local, foi agredida e estuprada.
“É importante que fique muito claro que não se trata de desafios que estão sendo praticados por adolescentes. Tratam-se de criminosos, a grande maioria maiores de idade, que utilizam a insegurança dessa plataforma em relação a crianças e adolescentes para praticar crimes gravíssimos contra essas meninas”, afirmou a promotora Maria Fernanda Balsalobra.
O delegado Fábio Pinheiro Lopes descreveu os criminosos como homens "sádicos e misóginos". "Eles têm um asco, um avesso por mulheres", alertou.
O QUE OS PAIS DEVEM FAZER?
De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem do Fantástico, os pais devem ficar muito atentos ao que os filhos fazem quando estão com computador ou celular nas mãos - principalmente quando estão sozinhos, dentro do quarto ou banheiro, com a porta fechada.
“A gente espera que os pais conversem preventivamente, busquem se os filhos têm alguma lesão, se ficam muito tempo dentro do quarto. O diálogo é importante”, disse o delegado Fábio Pinheiro Lopes.
Especialista em estudos da criança Hugo Monteiro Ferreira, alerta que no aplicativo as crianças podem aprender até formas de se suicidar.
"Quando eu vou para o mundo da internet, presencio pessoas que querem me manipular, presencio elementos de violência. Eu aprendo a me suicidar, aprendo a atacar escolas, aprendo a como é me autolesionar”, comenta Ferreira.
A jornalista Letícia Oliveira alerta que estamos diante de um novo problema social, da era digital.
“Cada vez mais, elas vão vendo conteúdo mais extremo e isso acaba levando elas a cometerem atrocidades, porque elas estão tão dessensibilizadas, estão tão acostumadas com a violência. É urgente que a gente entenda o que está acontecendo para tentar mudar isso”, comenta.
O QUE DIZ A EMPRESA DISCORD?
“Nós somos um produto gratuito para mais de 150 milhões de usuários ao redor do mundo, e de tempos em tempos, conteúdo mau e comportamento mau vão acontecer. Nós trabalhamos ativamente para remover esse conteúdo”, afirmou o porta-voz na entrevista ao Fantástico.
"Gostaria de enfatizar que a vasta maioria das interações de brasileiros usando Discord são positivas e saudáveis. Nós somos proativos e investigamos grupos que podem estar envolvidos em ameaças a crianças e trabalhamos para tirar esses agentes ruins da plataforma”.
Você pode assistir a reportagem do Fantástico, na íntegra, clicando aqui.
Comentários