POLÍTICA

PF elabora estratégia para depoimentos simltâneos de Jair Bolsonaro e aliados no caso das Joias nesta quinta-feira (31)

Polícia Federal pretende desmobilizar a chance da criação de versões arquitetadas e "testar" a consistência das falas de Cid

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Vitória Floro

Publicado em 31/08/2023 às 6:52 | Atualizado em 31/08/2023 às 7:01
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A Polícia Federal começa nesta quinta-feira (31) com os depoimentos simultâneos no no caso das joias relacionadas à Presidência.

Com essa estratégia, a PF pretende testar falas anteriores de Mauro Cid e questionar o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados.

Vão prestar depoimento ao mesmo tempo:

  • Jair Bolsonaro: ex-presidente;
  • Michelle Bolsonaro: ex-primeira-dama;
  • Mauro Cid: ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • Mauro Lourena Cid: pai de Cid, general da reserva que foi colega de Bolsonaro na Aman;
  • Frederick Wassef: advogado de Bolsonaro;
  • Fabio Wajngarten: ex-chefe da comunicação do governo Bolsonaro;
  • Marcelo Câmara: assessor especial de Bolsonaro;
  • Osmar Crivellati: assessor de Bolsonaro.

DEPOIMENTO DE CID PODE SE TRANSFORMAR EM DELAÇÃO PREMIADA

Na segunda-feira (28), Mauro Cid passou aproximadamente 10 horas prestando depoimento à Polícia Federal, e de acordo com os investigadores, ele colaborou plenamente com as autoridades. Suas declarações possuem o potencial de serem consideradas como uma possível delação premiada.

O conteúdo do depoimento de Cid, que está sob rigoroso sigilo, servirá como base para as perguntas dirigidas a todos os outros depoentes.

A intenção da Polícia Federal é avançar nas informações fornecidas por Cid e também detectar eventuais contradições nos depoimentos dos demais envolvidos.

Além disso, uma vez que o depoimento de Cid ainda é confidencial, as informações contidas nele podem surpreender tanto o ex-presidente Bolsonaro quanto seus aliados, dificultando a coordenação de versões pré-estabelecidas.

A natureza confidencial do depoimento do ex-ajudante de ordens tem um papel importante não apenas na possibilidade de aprofundar as informações ou confrontar os depoentes, mas também porque essa informação, ao ser revelada, representa algo completamente novo.

Isso coloca Bolsonaro e seus aliados em uma situação de surpresa, sem oportunidade de alinhar suas narrativas com antecedência.

Em depoimento, MAURO CID, ex-ajudante de BOLSONARO, fica em silêncio

CASO DAS JOIAS

No início de agosto, a Polícia Federal deflagrou a operação "Lucas 12:2", investigando uma suposta tentativa liderada por militares ligados ao então presidente Jair Bolsonaro, como o advogado Frederick Wassef, que já prestou serviços à família Bolsonaro, e o ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid. A alegação é de que teriam buscado comercializar ilegalmente presentes concedidos ao governo por delegações estrangeiras.

A operação recebeu autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em 17 de agosto, Moraes determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Cid havia sido detido em maio, no âmbito de uma investigação sobre um suposto esquema de fraudes envolvendo cartões de vacinação contra a Covid-19. No entanto, a Polícia Federal informou que Cid também está sob investigação no caso das joias.

As joias em questão foram originalmente oferecidas como presentes ao governo brasileiro por outros países, incluindo a Arábia Saudita. De acordo com a PF, a negociação desses presentes começou nos Estados Unidos em junho de 2022.

Naquele mês, Cid retirou do acervo de presentes um conjunto de joias, que incluía um relógio Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico. Essas peças haviam sido entregues a Bolsonaro durante uma viagem oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.

Em 8 de junho de 2022, Bolsonaro e Cid viajaram aos Estados Unidos para participar da Cúpula das Américas em Los Angeles. Segundo a Polícia Federal, Mauro Cid levou consigo o conjunto de joias no voo oficial da Força Aérea Brasileira (FAB).

Cinco dias após essa viagem, conforme relato da PF, Mauro Cid viajou para o estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, com o propósito de vender o relógio Rolex de ouro branco e outro relógio da marca Patek Philippe.

Por meio da análise dos dados armazenados na nuvem do celular do ex-ajudante de ordens, a Polícia Federal identificou um comprovante de depósito proveniente da venda da joia, no valor de US$ 68 mil, na mesma data. Essa quantia corresponde a aproximadamente R$ 332 mil.

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