POLÍTICA

Forças Armadas perdem apoio do público após escandâlos envolvendo membros da instituição, afirma pesquisa

A pesquisa "A Cara da Democracia" envolveu 2.558 entrevistas presenciais com eleitores em 167 cidades de todas as regiões do país, realizadas entre 22 e 29 de agosto

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Vitória Floro

Publicado em 13/09/2023 às 8:23
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A confiança da população nas Forças Armadas sofreu uma queda no último ano, de acordo com a mais recente edição da pesquisa "A Cara da Democracia", conduzida pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT).

Os resultados da pesquisa apontam que atualmente apenas 20% dos entrevistados afirmam "confiar muito" nas instituições militares, uma redução de seis pontos percentuais em relação aos 27% registrados na pesquisa anterior, realizada em setembro do ano passado.

No período de avaliação, a proporção daqueles que afirmam "confiar mais ou menos" no Exército, na Marinha e na Aeronáutica aumentou de 30% para 33%, enquanto a parcela dos que declararam "não confiar nem um pouco" nas Forças Armadas subiu de 26% para 30%.

Qual o motivo da mudança?

Essa mudança na percepção pública ocorre em um contexto de controvérsias que envolveram as instituições militares nos últimos meses, incluindo o envolvimento de militares em questões políticas e sua proximidade com conspirações golpistas.

Um exemplo notável desse cenário é o caso do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi preso em maio sob suspeita de fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e é investigado por suposta participação na compra e venda ilegal de presentes oficiais destinados a Bolsonaro no exterior.

No ano passado, o governo convocou as Forças Armadas, através do Ministério da Defesa, para fazer parte de uma comissão de fiscalização das eleições.

Após o segundo turno das eleições presidenciais, um relatório elaborado pelos militares reconheceu a ausência de evidências de fraudes nas urnas, mas não excluiu a possibilidade de irregularidades, sem apresentar provas concretas.

Efeitos da onda bolsonarista

A derrota de Bolsonaro nas urnas levou parte de seus apoiadores a acampar em frente a quartéis do Exército, na esperança de uma intervenção que pudesse reverter o resultado eleitoral. Isso culminou na invasão e vandalismo das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro, seguida pela demissão do então comandante do Exército, general Júlio César Arruda.

Além disso, a pesquisa "A Cara da Democracia" também revela uma diminuição do nível de confiança da população em outras instituições-chave para o funcionamento da democracia no país, incluindo o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Justiça Eleitoral, que obtiveram resultados piores na nova pesquisa em comparação com a anterior.

A pesquisa "A Cara da Democracia" envolveu 2.558 entrevistas presenciais com eleitores em 167 cidades de todas as regiões do país, realizadas entre 22 e 29 de agosto.

O estudo foi financiado pelo CNPq, Capes e Fapemig e conduzido pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), uma colaboração de pesquisadores das universidades UFMG, Unicamp, UnB e Uerj. A margem de erro foi estimada em dois pontos percentuais para mais ou para menos, com um índice de confiança de 95%.

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